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Moscovo admite "progressos" nas negociações com Kiev

01 de abril de 2022 às 14:39

"Há algum progresso na admissão de impossibilidade de a Ucrânia fazer parte de qualquer bloco", disse o ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia

O chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, admitiu hoje, na Índia, que houve progressos nas negociações sobre o estatuto de neutralidade da Ucrânia, incluindo uma aproximação de posições sobre a situação na região de Donbass.

"Esses acordos devem ser concluídos (...), há algum progresso na admissão de impossibilidade de a Ucrânia fazer parte de qualquer bloco", disse o ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, acrescentando que já foi possível "um entendimento" inicial sobre a disputa da região de Donbass.

Lavrov fez estas declarações durante uma visita oficial de dois dias à Índia, país que mantém um perfil de neutralidade desde o início da invasão russa da Ucrânia, abstendo-se de condenar a agressão na Assembleia Geral da ONU.

O chefe da diplomacia russa reuniu-se hoje com o seu homólogo indiano, Subrahmanyam Jaishankar, a quem agradeceu a posição neutra no conflito, por considerar o assunto "na sua totalidade, não apenas de uma das partes".

"Sempre respeitámos o interesse do outro (...) e esse foi o sentido da nossa conversa que abrangeu todas as áreas bilaterais", resumiu o ministro russo, durante a conferência de imprensa após o encontro.

Questionado sobre a possível mediação do primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, no conflito, Lavrov respondeu que não estava a par dessa possibilidade, mas realçou que a posição da Índia "não muda em decorrência de ditames ou ameaças".

Além de discutir a situação na Ucrânia, o encontro entre Lavrov e Jaishankar também deve servir para que ambos os países desenvolvam mecanismos de pagamento eficazes para dar continuidade às suas transações comerciais, apesar das sanções internacionais que pesam sobre a economia russa.

A maior destas dificuldades prende-se com a impossibilidade de a maioria dos bancos russos aceder ao sistema de comunicação interbancária internacional SWIFT, bem como com o bloqueio da reserva cambial do Banco Central da Rússia, o que limita muito a sua atividade financeira.

No entanto, Lavrov insistiu na possibilidade de continuar com um método de câmbio baseado em moedas nacionais, evitando assim a dependência de um sistema financeiro que "pode fechar a qualquer momento" e cujos criadores "podem roubar o dinheiro à noite".

"Ficou absolutamente claro que as transações serão realizadas por meio desse sistema, sem passar por dólares, euros e outras moedas que se revelaram pouco fiáveis", disse o diplomata.

Dessa forma, assegurou Lavrov, se a Índia quiser comprar "qualquer bem" da Rússia, Moscovo mostra-se disponível para "discutir e alcançar formas de cooperação mutuamente aceitáveis".

A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.232 civis, incluindo 112 crianças, e feriu 1.935, entre os quais 149 crianças, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.

A guerra provocou a fuga de mais de 10 milhões de pessoas, incluindo mais de 4 milhões de refugiados em países vizinhos e quase 6,5 milhões de deslocados internos.

A ONU estima que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.

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