Maduro: países que apoiam Guaidó estão a cometer um "golpe"
Nicólas Maduro anunciou esta segunda-feira que irá rever as relações diplomáticas com todos os países que até agora decidiram apoiar Guaidó.
No dia do fim do prazo de oito dias que a União Europeia deu a Nicolás Maduro para convocar novas eleições na Venezuela, o governo de Maduro anunciou que irá "rever completamente" as relações diplomáticas que a nação mantém com os países europeus que já reconheceram Juan Guaidó como presidente oficial.
A informação foi transmitida através de um comunicado do Ministério das Relações Exteriores da Venezuela, citado pela agência de notícias Efe, que anunciou que a revisão diplomática começa "a partir deste momento" e irá manter-se até "uma retificação que descarte o seu apoio ao golpe e o redirecione para o respeito da lei institucional".
Até a manhã de segunda-feira, 11 países europeus - Dinamarca, Lituânia, Letónia, Holanda, Espanha, Reino Unido, França, Alemanha, Suécia, Áustria e Portugal – confirmaram que apoiam Guaidó como presidente da Venezuela.
Nicolas Maduro has not called Presidential elections within 8 day limit we have set. So UK alongside European allies now recognises @jguaido as interim constitutional president until credible elections can be held. Let’s hope this takes us closer to ending humanitarian crisis
— Jeremy Hunt (@Jeremy_Hunt) February 4, 2019
Guaidó, que no dia 23 de janeiro declarou-se Presidente interino da Venezuela, conta ainda com o apoio dos Estados Unidos, Canadá, Brasil e com a grande maioria dos países da América Latina.
Maduro, por outro lado, tem o reconhecimento da China, Turquia e Rússia.
Apesar dos diversos países europeus que já anunciaram o seu apoio a Guaidó, a União Europeia ainda não assumiu uma posição conjunta sobre a situação.
Nicolás Maduro pede ajuda ao papa para mediação da crise na Venezuela
O Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, disse esta segunda-feira que escreveu ao papa Francisco pedindo a sua ajuda e mediação na crise que enfrenta a Venezuela, durante uma entrevista ao canal de televisão italiano SkyTG24.
"Enviei uma carta ao papa Francisco", disse Maduro durante a entrevista, realizada em Caracas.
"Eu disse-lhe que estou a serviço da causa de Cristo (…) e, nesse espírito, pedi a sua ajuda no processo de facilitação e de reforço do diálogo", afirmou o Presidente venezuelano.
"Os Governos do México e do Uruguai, todos os Governos caribenhos, no seio da Caricom (Comunidade do Caribe), e a Bolívia pediram uma conferência para o diálogo no dia 7 de fevereiro (...). Eu pedi ao papa para fazer os seus maiores esforços, para nos ajudar no caminho do diálogo. Espero receber uma resposta positiva", disse Maduro.
A União Europeia (UE) e o Uruguai anunciaram, no domingo, a primeira reunião do grupo de contacto, para o dia 7 de fevereiro, em Montevidéu, com o objetivo de promover a organização de novas eleições na Venezuela.
Marchamos por las calles de la histórica Maracay, donde comenzó la Revolución Bolivariana. Seguiremos por siempre en el camino del Comandante Chávez. #4FRevoluciónPatriótica pic.twitter.com/aAmu4OMY9T
— Nicolás Maduro (@NicolasMaduro) February 4, 2019
A UE e oito dos seus Estados-Membros (Alemanha, Espanha, França, Itália, Portugal, Países Baixos, Reino Unido e Suécia) estão entre eles, bem como os latino-americanos Bolívia, Costa Rica, Equador e Uruguai.
O papa está esta segunda numa reunião internacional inter-religiosa nos Emirados Árabes Unidos e deve voltar a Roma na noite de terça-feira.
Maduro instou à Europa a "não ser arrastada pelas loucuras de Donald Trump", referindo-se ao Presidente dos Estados Unidos, que também reconheceu Guaidó e deixou a porta aberta para ação militar na Venezuela.
"Eu digo ao mundo: precisamos de solidariedade, consciência para não ceder à loucura da guerra e transformar a Venezuela em um novo Vietname", disse Maduro.
Por outro lado, na Itália, a crise venezuelana está a causar fortes tensões. Oficialmente, Roma tem uma posição de ‘esperar para ver’, lembrando que nunca reconheceu a eleição de Maduro e pediu uma nova eleição presidencial.
A crise política na Venezuela, onde residem cerca de 300.000 portugueses ou lusodescendentes, soma-se a uma grave crise económica e social que levou 2,3 milhões de pessoas a fugirem do país desde 2015, segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU).
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