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Jerónimo de Sousa acusa Governo de promover emigração

19 de junho de 2015 às 16:42

O primeiro-ministro chegou a citar dados de anos anteriores para sublinhar que a emigração permanente diminuiu em 2014

O secretário-geral comunista acusou hoje o executivo de promover um "surto" de emigração maior do que na década de 1960, equivalente à população do distrito de Coimbra, mas o primeiro-ministro garantiu que os portugueses já não têm de sair.

 

No debate parlamentar quinzenal com Passos Coelho, Jerónimo de Sousa questionou ainda o líder do Governo da maioria PSD/CDS-PP sobre os problemas no acesso à saúde, com o aumento do custo de vida, e a privatização da TAP, exigindo esclarecimentos públicos sobre o processo de alienação da companhia aérea.

 

"Em quatro anos, abandonaram o nosso país cerca de meio milhão de portugueses, 485 mil que tiveram de emigrar porque aqui não havia saída para as suas vidas. São dados superiores ao surto de emigração da década de 1960", afirmou o líder do PCP, contando ter encontrado um jovem, recentemente, em Dusseldorf (Alemanha), que lhe perguntou sobre se era verdade as "promessas do Governo", que "fala com tanta força de estarmos à beira do final feliz" sobre estarem "reunidas as garantias" para um eventual regresso a Portugal.

 

O primeiro-ministro citou dados da emigração entre 2005 e 2007 (média de 82 mil portugueses) e entre 2011 e 2013 (95 mil) para sublinhar que a "emigração permanente" diminuiu em 2014, além de frisar que "é falso que tenha havido mais emigração do que noutros países que também passaram por circunstâncias idênticas", como Irlanda ou Espanha, com um "saldo migratório mais grave".

 

"Felizmente, Portugal está hoje em condições de dizer que as condições de recessão e forte ajustamento pelas quais o país passou não são hoje as que vivemos e, portanto, temos crescentemente melhores condições para que aqueles que saíram possam regressar e aqueles que estão cá não precisem de sair", afirmou Passos Coelho, pedindo ao secretário-geral do PCP para transmitir a mensagem numa próxima passagem por Dusseldorf.

 

Jerónimo de Sousa reconheceu: "Claro que havia emigração antes, mas, nestes quatro anos, significaria que o distrito de Coimbra ficaria totalmente vazio de pessoas".

 

O chefe do Governo contrariou também a ideia de piores condições de acesso à saúde em Portugal, apesar de admitir que "a crise afectou, evidentemente, as perspectivas de vida dos portugueses". Apesar disso, salientou que "os preços dos medicamentos caíram em termos médios 27%" e "as pessoas de rendimentos mais baixos não foram afectadas por cortes nos rendimentos", no que toca "à função pública" e "pensões".

 

O secretário-geral comunista abordou também a situação da TAP, reiterando que a privatização foi um negócio que "serve apenas os interesses do consórcio luso-americano" e que é "inadmissível ouvir um primeiro-ministro dizer que mais vale saldar meia TAP do que ir o resto à falência".

 

"Quer mostrar serviço antes de sair de cena. Há necessidade de trazer à Assembleia da República e informar o país em relação a esse processo. Vai ver que assim acaba logo com a suspeição", afirmou ainda Jerónimo de Sousa.

 

Passos Coelho negou que o Governo esteja "a vender [a TAP] à pressa e à peça" e garantiu que o calendário previsto vai ser cumprido.

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