Secções
Entrar

Administração Trump fala sobre Rússia, Coreia do Norte e Israel

03 de fevereiro de 2017 às 09:11

A Casa Branca deixou avisos a aliados e inimigos, numa altura em que começam os primeiros constitucionais com os líderes de outros países

Vários elementos da administração de Donald Trump falaram sobre a política externa dos EUA. Com um discurso mais suave, os responsáveis foram dando recados a aliados, inimigos e deixando no ar pistas para o que pode ser o futuro da diplomacia da Casa Branca.

Nas Nações Unidas, a embaixadora norte-americana Nikki Haley condenou as "acções agressivas" da
Rússia no leste da Ucrânia e alertou Moscovo que as sanções impostas pelos EUA após a anexação da Crimeia vão manter-se.

 

No entanto, a nova enviada norte-americana suavizou as críticas dizendo que era "uma pena" que tivesse de condenar a Rússia na sua primeira aparição no Conselho de Segurança da ONU. "Queremos realmente melhorar as nossas relações com a Rússia", disse Haley.

 

Moscovo aplaudiu as promessas de Trump de reconstruir as relações EUA-Rússia, que chegaram ao seu ponto mais crítico desde a Guerra Fria. O embaixador russo para a ONU Vitaly Churkin reagiu calmamente às críticas de Haley, dizendo que "detectou uma mudança de tom significativa". "Foi amigável o suficiente, dadas as circunstâncias e o assunto que estávamos a discutir", disse na reunião do conselho, convocada pela Ucrânia após uma escalada da violência.

 

Churkin disse que a administração Trump está agora a começar e que os dois países enfrentam vários problemas. "A nossa posição é muito óbvia (...) Se há uma oportunidade para trabalharmos melhor com os Estados Unidos de modo a lidar com os vários problemas internacionais, que são extremamente complicados e graves, então devemos aproveitar esta oportunidade", afirmou.

 

Um desses temas complexos é a Ucrânia. Protestos anti-governo no país culminaram na fuga do país do Presidente Viktor Yanukovych em fevereiro de 2014 para a Rússia. No ano passado, a Rússia anexou a península da Crimeia, pertencente à Ucrânia, com separatistas a lançar protestos que escalaram para uma guerra que já matou mais de 9600 pessoas.

 

Haley deixou claro que a administração Trump apoia a Ucrânia, apesar da sua postura de abertura em relação à Rússia. "Os EUA estão com o povo da Ucrânia, que sofreu durante quase três anos com a ocupação russa e intervenções militares. Até a Rússia e os separatistas que apoia respeitarem a soberania e integridade territorial da Ucrânia esta crise vai continuar", disse. "Os EUA continuam a condenar e a apelar para um fim imediato" da ocupação russa, disse a embaixadora, frisando que a "Crimeia é parte da Ucrânia" e que as sanções "vão manter-se até a Rússia ceder o controlo sobre a península à Ucrânia".

 

Resposta "efectiva a esmagadora"
Já sobre a Coreia do Norte, o secretário da Defesa dos Estados Unidos, James Mattis, garantiu que um ataque nuclear de Pyongyang iria gerar uma resposta "efectiva e esmagadora", que acusa de ter insistido numa "retórica e comportamento ameaçador".

O responsável esteve na capital sul-coreana antes de partir para Tóquio, na sua primeira visita ao estrangeiro como membro da administração Trump, numa altura em que surgem preocupações sobre o caminho que os Estados Unidos vão seguir na região, sob a liderança de um presidente proteccionista.


A Coreia do Sul tem contado com a protecção dos EUA desde a Guerra da Coreia (1950-53), mas durante a campanha
Trump ameaçou retirar as forças norte-americanas do país e do Japão se não aumentassem o seu apoio financeiro.

 

"Qualquer ataque aos Estados Unidos ou aos seus aliados será vencido e qualquer uso de armas nucleares seria recebido com uma resposta efectiva e esmagadora", afirmou Mattis aos jornalistas antes do encontro com o seu homólogo sul-coreano, Han Min-Koo. Em Seul, Mattis quis "sublinhar o compromisso prioritário da América com a aliança bilateral" e tornar claro que a nova administração está "totalmente comprometida" em defender a democracia sul-coreana.


Avisos a Israel devido aos colonatos

Quem também foi visado pela administração Trump foi um dos maiores aliados dos EUA, Israel. "Apesar de não acreditarmos que a existência dos colonatos seja um impedimento à paz, a construção de novos colonatos ou a expansão de colonatos já existentes além das atuais fronteiras pode não ajudar", disse o porta-voz da Casa Branca Sean Spicer.

 

Esta declaração rompe com a postura anteriormente assumida por Donald Trump de total defesa dos colonatos israelitas. Desde que Trump se tornou presidente dos EUA, Israel aprovou várias novas construções de colonatos, algo que os críticos dizem poder pôr em risco a solução de dois estados para a zona.

 

Israel anunciou recentemente um plano para a construção de mais 3.000 casas para colonatos judeus na Cisjordânia, o quarto anúncio deste tipo em menos de duas semanas. "A administração Trump não assumiu uma posição oficial sobre colonatos e deseja continuar as discussões, incluindo com o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, quando este visitar o Presidente Trump no final deste mês", disse Spicer.

 

Trump deve receber o primeiro-ministro israelita a 15 de Fevereiro.

Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela