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Elle Macpherson diz ter recusado quimioterapia contra cancro da mama

Supermodelo australiana relata em novo livro que recusou terapias convencionais, apesar de estar provado que abordagens sem base científica aumentam mortalidade.

Elle Macpherson, a supermodelo que se tornou famosa nos anos 80, revelou no livro de memórias que vai lançar ter sido diagnosticada com cancro da mama. A australiana diz ter tratado a doença com terapias alternativas, apesar de não haver provas em como estas funcionem. 

REUTERS/Stephanie Lecocq

De acordo com o jornal The Guardian, Elle Macpherson foi diagnosticada há sete anos e que seguiu as terapias não convencionais contra os conselhos de 32 médicos. 

Em entrevista à revista Australian Women’s Weekly, Macpherson revelou ter realizado uma lumpectomia, que é a remoção cirúrgica de um nódulo mamário. Foi diagnosticada com um carcinoma ductal - que corresponde ao estadio 0 da doença - e que, segundo a Liga Portuguesa contra o Cancro, não exige mais tratamento além da operação. O cancro era positivo ao recetor HER2, um dos tipos mais agressivos, e era recetor de estrogénio. 

Segundo o livro Elle: Life, Lessons, and Learning to Trust Yourself, a modelo foi aconselhada a médicos a submeter-se a uma mastectomia, seguida de quimioterapia, radioterapia, terapia hormonal e reconstrução da mama. Contudo,  decidiu seguir um caminho alternativo, relata, e rejeitar a guia de tratamentos.

Durante oito meses, alugou uma casa em Phoenix nos Estados Unidos da América, onde se tratou "holisticamente" com a orientação de uma equipa de profissionais de saúde alternativos, incluindo um naturopata, dentista holística, um osteopata, um técnico de quiropatia e dois terapeutas. 

Elle Macpherson admitiu que a decisão de recusar a medicina convencional foi "a coisa mais difícil que já fez". Considera que os tratamentos convencionais, como quimioterapia e a cirurgia são demasiado invasivos e optou por um tratamentos que, segundo ela, estava mais alinhado com a sua própria filosofia de saúde e bem-estar.

A decisão de Macpherson de evitar tratamentos médicos convencionais gerou reações mistas entre familiares, incluindo os seus filhos Flynn, de 26 anos, e Cy, de 21, e o ex-parceiro Arpad "Arki" Busson. Além disso, a sua relação na altura com Andrew Wakefield, conhecido pelas suas posições antivacinas e pelas suas teorias desacreditadas sobre a vacina MMR (vacina contra sarampo, caxumba e rubéola), lançou dúvidas sobre a sua abordagem à saúde.

Um estudo publicado em 2017 por peritos da Faculdade de Medicina da Universidade de Yale, EUA, concluiu que os pacientes oncológicos que escolhem tratamentos sem base científica comprovada têm uma taxa de mortalidade 2,5 maior

Macpherson afirma que está em "remissão clínica", um estado que descreve como "bem-estar absoluto". 

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