Eleições nos EUA: “Não há mérito dos democratas, mas uma reação ao trumpismo”
Os resultados das últimas eleições são uma reação clara ao trumpismo e ao shutdown que bloqueou o pagamento aos funcionários públicos, dizem os especialistas.
Os resultados das últimas eleições são uma reação clara ao trumpismo e ao shutdown que bloqueou o pagamento aos funcionários públicos, dizem os especialistas.
A “Big Beautiful Bill”, aprovada no Senado com o desempate do vice-presidente Vance após três senadores republicanos terem votado contra, é a expressão de toda uma Presidência: Trump tira aos pobres para dar aos ricos. É “Robin Hood” ao contrário. Legal, sim. Mas profundamente imoral.
Um papa cria cardeais em função de tradições e atendendo às circunstâncias para preservar o que entenda ser o legado do pontificado, mas quem lhe suceda, saído do colégio cardinalício, reinventa-se como sumo pontífice à sua própria maneira.
Há um efeito, também, numa ideia de reforço e crescimento agressivo de todo o conjunto das invectivas “trumpianas”.
As tarifas fazem parte do objetivo de enfraquecer o dólar, trazer de volta a indústria e forçar uma aliança que isole a China, eleita como adversário estratégico dos EUA. A tática de coerção arrisca gerar resultados opostos – e minar irreversivelmente a confiança no dólar e na dívida americana.
Em 2021, escrevendo para a Newsweek, Paxton descreveu Trump como fascista.
O IPC é sobre perceção da corrupção, não é sobre corrupção, não mede a corrupção verificada ou prevalente num determinado país ou território autónomo.
Desde a sua chegada à Casa Branca, o republicano já assinou centenas de ordens executivas, deixando claro o desejo de mudança dentro dos Estados Unidos. A nível internacional, os aliados são agora outros.
A memória inquina a política de negociações e para muitos ucranianos, desencantados outra vez com aliados que claudicam, alguns temores agigantam-se como um pesadelo.
O espanto ante o trumpismo 2025 é coisa de gente incauta e pouco perspicaz.
Trump representa um fim de uma era – uma era de subterfúgios, de polidez e de correção política. Horroriza os setores da política moderada contemporânea sobretudo porque expõe os seus monstros comuns de forma boçal.
Vão ser precisas avultadas doses de realismo e coragem para lidar com o legítimo inquilino da Casa Branca, evitando também "normalizar" o seu discurso ou as suas ações quando elas forem contra os nossos interesses e valores fundamentais.
Charles Dickens, que muitos comparam a um Eça mais sombrio, liberto de balzaquianismos, escreveu o Great Expectations em 1861. Aplica-se ao universo externo de Donald Trump?
Não, o Canadá não será anexado, mas a integração da sua economia com a dos Estados Unidos é uma fatalidade. O mundo mudou e o 47º Presidente americano toma posse dia 20 e trará uma resposta, a sua, aos escombros da velha ordem liberal “assente em regras”. Com os líderes europeus a revelarem-se impotentes para responder ao “novo normal”.
Trump irá assumir o cargo como cadastrado, com registo na base de dados da polícia de Nova Iorque, mas, sobretudo, chega a presidente com rancor acrescido.
Eu sei que sou “xexé”, “senil”, “ultrapassado no prazo de validade”, “aldrabão”, “comunista”. “infiltrado” no PSD, MRPP e “inútil”. Enfim, um festival que deve dar um pequeno prazer a quem vive anonimamente.