Sábado – Pense por si

Germano Almeida
Germano Almeida
11 de novembro de 2025 às 23:00

Mudar com radicalismo ou voltar a ganhar ao centro?

Mamdani fez História e percebeu o descontentamento, não só contra Trump mas também contra o Partido Democrata "oficial". A questão é: o radicalismo progressista que acaba de conquistar Nova Iorque deve ser adotado para a campanha presidencial de 2028? Os sucessos de Spanberger e Sherrill, mulheres democratas moderadas e centristas, na Virgínia e na Nova Jérsia, provam que há outras formas de se bater o "trumpismo". Talvez Gavin Newsom seja a solução intermédia.

As eleições em Nova Iorque, Virgínia e Nova Jérsia, um ano após a eleição de Trump 2.0 e com enormes vitórias democratas, mostraram que teria sido perfeitamente possível ter evitado o regresso de Trump à Casa Branca. Mas não vale a pena tentar fazer História alternativa. O que fará muito mais sentido é questionar qual deverá ser o caminho dos democratas para tentar regressar à Casa Branca já em 2028. Se o sucesso inspirador na forma e no arrojo de Zohran Mamdani poderá abrir cenários mais à esquerda e com uma plataforma assumidamente progressista, os triunfos de Abigail Spanberger e Mikie Sherrill recordam-nos que, em estados mais competitivos, será prudente adotar uma via mais moderada e centrista. Não é que Zohran não tenha razão em muito do que aponta aos bilionários e a um sistema demasiado dependente do financiamento dos mais ricos. As desigualdades salariais e de acesso ao rendimento são o maior de vários problemas dos EUA em 2025. Mas seria um perigo pensar que o sucesso eleitoral de Mamdani em Nova Iorque poderá ser "exportável" para o plano nacional. O perfil do candidato presidencial democrata, possivelmente para disputar a Casa Branca com JD Vance ou Marco Rubio, deverá ser mais focado na "América profunda". Sim, compreendendo a pulsão de descontentamento e protesto que o voto em Mamdani revelou (não só contra Trump mas também contra boa parte do Partido Democrata "oficial"). Mas tendo sempre em atenção que eleições nacionais nos EUA nunca se ganharam com uma plataforma demasiado à esquerda, atacando "os mais ricos" e com ameaças de taxação das fortunas e das grandes corporações em patamares nunca vistos. Mamdani fez uma campanha notável. Tem qualidades políticas indiscutíveis: é eloquente, simpático, bem parecido, mas, ao mesmo tempo, assertivo, direto e convincente. Corporizou um momento de esperança que os democratas não viviam desde Barack Obama. Mas congelar rendas e prometer creches e transportes públicos gratuitos não será, convenhamos, o caminho para reconquistar os independentes que, em 2024, Trump apanhou.

Para continuar a ler
Já tem conta? Faça login

Assinatura Digital SÁBADO GRÁTIS
durante 2 anos, para jovens dos 15 aos 18 anos.

Saber Mais

Incompreensível

O jornalismo não alimenta isto ou aquilo só porque vende ou não vende. As redações distanciam-se completamente de uma registadora. A igreja, logicamente, isenta-se de alimentar algo que lhe é prejudicial.