Ex-gestor Fernando Pinto no centro das suspeitas na TAP
O antigo administrador é suspeito de beneficiar consórcio que comprou a TAP, em 2015, e de receber dois milhões de euros. Judiciária foi à casa do ex-presidente da Parpública.
O antigo administrador é suspeito de beneficiar consórcio que comprou a TAP, em 2015, e de receber dois milhões de euros. Judiciária foi à casa do ex-presidente da Parpública.
Apareceu pela primeira vez nos jornais ainda não tinha 4 anos, depois de assistir ao atropelamento mortal da mãe. Descendente de ferroviários, cresceu de terra em terra, mas foi em Santarém, ao volante de um Citroën 2CV, que pediu a mulher em casamento. Juntos adotaram dois bebés, viajaram pela Europa a acampar e viram o cancro matar o herói de Abril. No Luxemburgo, a filha Catarina tornou-se delegada sindical. Os netos cresceram a ouvir as histórias do avô revolucionário.
Histórias de mal-estar com colegas de Governo e um dos seus secretários de Estado por causa de exercícios de autoridade – que os próprios desmentem. E como o Executivo está a gerir a comunicação do caso. O ministro dos Negócios Estrangeiros tem “estados de alma”?
A gestora tem até meados de novembro para entregar um relatório inicial.
A aprovação destas audições acontece no mesmo dia em que, na Comissão Permanente da AR, PSD, CDS e Chega rejeitaram debater o tema da TAP, com a presença do ministro das Infraestruturas.
Depois de vários meses em que a companhia aérea marcou a atualidade noticiosa, a empresa adotou um estilo de comunicação mais fechado, com Luís Rodrigues a assumir que um dos objetivos da sua equipa era manter a TAP fora das notícias, considerando que a transportadora foi um "saco de pancada, numa CPI que se tornou num evento mediático".
A TAP vai levar à queda de mais algum ministro ou a alterações na forma como se gerem as empresas públicas? PS atira decisões para depois do relatório oficial.
É difícil aferir a que ponto é normal ou adequado que deputados reúnam com governantes e gestores públicos para preparar audições. As opiniões dividem-se, mesmo dentro do PSD, e há quem trace linhas que dividem o que é aceitável do que não é neste tipo de reuniões.
O ministro tinha dois objetivos principais: controlar as suas emoções e vender uma narrativa concorrente com a de Frederico Pinheiro. Passou o primeiro com distinção – e conseguiu sobreviver ao segundo, embora tenha acumulado imprecisões, respostas circulares e, por vezes, silêncio. As dúvidas sobre a sua atuação não desapareceram.
O antigo presidente da TAP referiu que recorreu poucas vezes à consultoria da Fernando Pinto, mas que o então administrador Diogo Lacerda Machado "usou com muita frequência".
"Achei uma parte engraçada, [...] o doutor Luís Rodrigues comunicou aos trabalhadores que não conhece o plano de reestruturação da TAP", disse Paulo Duarte, na comissão de inquérito à TAP.
A deliberação considera que nem a "luz verde" do ministro Pedro Nuno Santos ao valor a pagar a Alexandra Reis nem os conselhos dos advogados ilibam os dois gestores.
Ao longo destes quase 50 anos de democracia, já vimos de tudo. Mas este caso da TAP também entra nesse quadro de honra dos que não sabem, nem sonham, qual é a lei que se lhes aplica ou quais são as consequências dos seus atos.
Sobre o pagamento do bónus a Christine Ourmières-Widener, o presidente da comissão de vencimentos da TAP defende que “não faz sentido atribuir prémios a uma gestora que foi demitida e não tem contrato de gestão em vigor”.
O Governo justificou hoje a recusa em enviar à comissão de inquérito da TAP os pareceres jurídicos que deram respaldo à demissão da anterior presidente executiva da companhia com a necessidade de "salvaguarda do interesse público".
Tiago Aires Mateus é a sétima personalidade ouvida pela comissão parlamentar de inquérito.