Está caladinho ou levas no focinho
A indústria da corrupção – e não duvidem que ela existe – abriu uma guerra sem quartel à separação de poderes.
A indústria da corrupção – e não duvidem que ela existe – abriu uma guerra sem quartel à separação de poderes.
O ex-chefe de gabinete de António Costa pode ter cometido um crime que não ocorreu a ninguém – e que mostra quanto valem os nossos “pacotes” anticorrupção.
Um dos mistérios do caso que abalou o país (a detenção do presidente da câmara de Sines) está parcialmente explicado no auto de buscas, que a SÁBADO consultou.
Em causa, o maior investimento privado em Portugal desde a Autoeuropa e negócios na área da transição energética que receberam milhões em licenças e fundos públicos.
Esteve nas negociações da troika (nome que deu à sua cadela), negociou fundos estruturais europeus e já se tinha demitido no caso Galpgate. Vítor Escária, chefe de gabinete de Costa, foi detido esta terça.
PSP conduziu buscas em vários ministérios e na residência oficial do primeiro-ministro, que está a ser investigado pela PGR. Cinco pessoas foram detidas, incluindo o chefe de gabinete de Costa e o presidente da Câmara de Sines. SÁBADO revelou investigação em novembro de 2020.
Nuno Mascarenhas já tinha sido apanhado no caso Galpgate. Ministério Público suspeita que estará envolvido no negócio da produção de energia a partir de hidrogénio em Sines.
Os últimos dois meses em Portugal foram inéditos na explosão e intensidade de escândalos relacionados com a conduta de políticos e altos quadros no exercício dos respectivos cargos. Embora inéditos, estes casos não são, porém, surpreendentes, mas sim o culminar de anos de falta de padrões éticos.
Luís Montenegro, Hugo Soares e Campos Ferreira viram arquivado o processo em que eram arguidos por terem ido ao Euro2016 na comitiva da Olivedesportos. Salvador Malheiro teve sorte diferente, mas diz que não irá a julgamento.
O advogado Álvaro Silveira de Meneses começou a trabalhar com o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais. É cunhado da presidente da assembleia-geral da Galp – com a qual o ministério tem em curso um diferendo de milhões. E não só – acumula com outras ligações.
A SÁBADO revela as suspeitas de um caso que até já envolveu escutas telefónicas com o primeiro-ministro, António Costa. Fique a conhecer os protagonistas, as ligações perigosas e um projeto de que o Governo deixou de falar em público.
Processo visa indícios de tráfico de influências e de corrupção, entre outros crimes económico-financeiros.
São casos a mais na nossa República envelhecida. A novela do Tribunal de Contas é só mais um episódio de uma cultura política cada vez mais tóxica para a democracia.
Como consultor de António Costa, tinha a missão de acompanhar os fundos estruturais e participou em reuniões europeias de alto nível nessas funções. Mas estava também no conselho de administração da Martifer. Susana Coroado, da Transparência e Integridade, diz que é uma situação de "incompatibilidade óbvia" e "muito grave".
O rigor da gestão pública e o combate à corrupção proclamam-se em grandes anúncios públicos. Depois sabotam-se em pequenas manobras de bastidores. Alguns exemplos.
Escária foi constituído arguido no caso Galpgate. Para caso não chegar a julgamento, foi proposto aos arguidos o pagamento de multas.