O combate à corrupção
Quanto mais acentuado for o fosso entre os mais ricos e os mais pobres, maior o risco de recrudescimento dos fenómenos corruptivos e menor o grau de participação cívica na sindicância do exercício dos poderes públicos.
Quanto mais acentuado for o fosso entre os mais ricos e os mais pobres, maior o risco de recrudescimento dos fenómenos corruptivos e menor o grau de participação cívica na sindicância do exercício dos poderes públicos.
Infelizmente a Justiça não destoa do quadro de desconcerto, burocratização, falta de planeamento estratégico, moleza e “faz de conta” em que vegeta a maioria das instituições nacionais.
Ganhou a República, que recrutou um bom procurador-geral, o Governo e o Presidente da República, que não deixaram tratar-se como figuras menores, meros executores de ordens que estão atrás e acima deles, e a própria Democracia, que viu consolidada a separação de poderes.
O programa do Governo apresentado na semana passada propõe o alargamento das normas anticorrupção aos partidos políticos e a criminalização do enriquecimento ilícito, defendendo uma "agenda ambiciosa, célere e idealmente consensual" para o combate à corrupção.
Montenegro estabeleceu como prioridade o combate à corrupção. João Paulo Batalha lembra a dificuldade de mudar o sistema e Paulo Lona defende proteção de arguidos que colaborem.
A insuficiência de meios, que é real, não tem a virtualidade de exculpar atitudes de menor dinamismo, quando não mesmo de ostensiva inércia. Até porque a estreiteza da manta orçamental e as atávicas deficiências de gestão nunca permitirão que esses meios sejam plenamente satisfatórios.
O presidente do SMMP, Adão Carvalho, referiu que o sindicato aproveitou o momento para apresentar da parte do MP "um conjunto de ideias e propostas para a Justiça".
Temos mais do mesmo na tarefa de conter em parâmetros aceitáveis o fenómeno da corrupção: “um avião e um violino”, como nos versos de Natália Correia.
Com vários projectos-lei a avançar em direcção a uma assunção da figura do arguido denunciante e do arguido colaborador, onde fica a descoberta da verdade material quando a justiça parece poder ser negociada?
Constituirá a corrupção, nos dias de hoje, em Portugal, ameaça menos séria e plausível que o tráfico de droga ou o terrorismo?
Os sociais-democratas entregaram três diplomas na área da Justiça que serão apresentados e debatidos nas jornadas parlamentares do PSD.
Há precisamente uma semana, Brusca foi libertado, causando uma enorme comoção na Itália que ainda se importa com o combate à máfia, com o castigo dos seus verdugos e a proteção dos seus heróis.
João Miguel Tavares criou uma série de televisão sobre um ex-ministro em prisão domiciliária por suspeita de corrupção. Antes de estrear na plataforma Opto, a 16 de abril, quisemos saber quanta realidade cabe nesta ficção.
Não obstante todas as dificuldades, a Justiça funcionou no ano de 2020. Foi deduzida acusação no inquérito conhecido como universo BES, uma das investigações mais complexas que se realizaram em Portugal e que durou cerca de 6 anos, bem como no processo " Lex".
O Ministério da Justiça andou mal, porque nos traz à memória a sentença de Tancredi, o príncipe cínico de Giuseppe di Lampedusa: “É preciso que alguma coisa mude para que tudo fique na mesma”.
A colaboração premiada só será eficaz se for possível ainda na fase de investigação, que é o momento decisivo de aquisição da prova. E também aí ela não fica apenas nas mãos de procuradores e polícias. Deve passar pelo crivo do juiz de instrução