O caso do dermatologista do Santa Maria, que recebeu 715 mil euros em quatro anos, expôs o fosso entre alguns médicos de especialidades cirúrgicas e a maioria dos profissionais de saúde – incluindo da mal paga medicina interna, o pilar dos hospitais. Por entre a insatisfação, uma sociedade médica e um sindicato pedem mais controlo – e incentivos além das cirurgias.
“Imagine um doente com um carcinoma colorretal”, pede o médico Nuno Rodrigues. Este doente, explica, vai ao médico de família e depois passa por uma bateria de exames feitos por diferentes especialidades, até ser referenciado para a cirurgia num hospital do Serviço Nacional de Saúde. “Nesse circuito, que pode dar origem a uma operação em SIGIC [feita fora do horário regular e com melhor remuneração], podem estar cerca de uma dezena de médicos de especialidades diferentes, que não recebem incentivos”, descreve. Só recebe a equipa que faz a cirurgia no regime de SIGIC – mas, mesmo entre esses especialistas, o caso recente do dermatologista que recebeu 715 mil euros por pequenas cirurgias a 500 doentes serve para marcar um segundo nível de contraste. “Não é possível que uma cirurgia de horas como a um carcinoma colorretal, com risco e complexidade altos, pague cerca de 900 euros e haja depois médicos a ganharem mais de 3.000 euros por tirarem um sinal”, desabafa um profissional do Santa Maria ouvido, sob anonimato, pela SÁBADO.
SNS: salários de luxo com cirurgias fora do horário revolta médicos nos hospitais
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Ficaram por ali hora e meia a duas horas, comendo e bebendo, até os algemarem, encapuzarem e levarem de novo para as celas e a rotina dos interrogatórios e torturas.
Já muito se refletiu sobre a falta de incentivos para “os bons” irem para a política: as horas são longas, a responsabilidade é imensa, o escrutínio é severo e a remuneração está longe de compensar as dores de cabeça. O cenário é bem mais apelativo para os populistas e para os oportunistas, como está à vista de toda a gente.
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