O último debate na televisão conta com os partidos com assento parlamentar e realiza-se esta noite. CDS escolheu um novo inimigo: o PAN. A esquerda pede melhores salários e a direita menos impostos.
Os candidatos com assento no Parlamento debatem esta segunda-feira à noite. O único em que os nove estão todos frente a frente. Acompanhe aqui ao minuto o último confronto televisivo dos principais partidos.
Fatura da energia, salários baixos, descarbonização, a oferta de uma saída para os problemas do País é a proposta do Livre.
Cotrim de Figueiredo escolheu falar da TAP na declaração final. "Se a proposta de reprivatizar a TAP não tivesse passado com abstenção do PSD e do CDS cada família não teria gastado 1.200 euros na salvação da TAP".
É necessária uma reforma profunda na justiça, defende André Ventura na reta final do debate. O combate à corrupção tem de ser uma das missões do País.
O PAN promete defender a dignidade de todos os seres. "Quem respeita os animais vai votar PAN", que trouxe a agenda climática para cima da mesa, diz Inês Sousa Real.
Francisco Rodrigues dos Santos diz que "um voto no CDS é um voto conservador e democrata cristão para derrotar a maioria de a esquerda no Parlamento e para não fazer acordos com o PAN. Somos o único partido que diz claramente que não haverá entendimento com um partido animalista radical que quer destruir o mundo rural, os caçadores, os agricultores, os produtores animais e também da tauromaquia. Portanto esta é uma linha vermelha."
Prometeu ainda "acabar com a ideologia de género nas escolas e devolver a autoridade às forças de segurança".
A CDU defende ser a "solução global dos problemas". "Cdaa voto na CDU é o contributo que o povo pode dar para contribuir para essa força, porque há meios, eles têm é que ser canalizados para o que é preciso".
Catarina Martins diz que a direita quer usar os problemas do País para o privatizar ainda mais. Lembra que o PS, com a maioria que pede, vai contribuir para o agudizar dos problemas que enfrenta. Salários dignos, resposta à emergência climática são algumas das garantias do Bloco de Esquerda.
Na declaração final Rui Rio defendeu "melhores salários e melhores serviços públicos". "Mas o que é mais importante é ter uma atitude diferente perante a governação."
O que é decisivo é continuar a crescer acima da média europeia. Costa lembra o trabalho que foi feito nos últimos seis anos, reforçando que há uma proposta de maioria socialista para combate a proposta de "desgoverno da direita".
Inês Sousa Real defendeu a existência de associações e observatórios, que foram atacados por André Ventura.
A líder do PAN considera uma prioridade acabar com os apoios à tauromaquia - "são 16 milhões por ano".
Sobre a saúde, o PAN entende que a pandemia veio mostrar a importância da saúde humana, animal e do planeta. "Garantir o rebostecimento do SNS é fundamental."
"Não brinquemos com a vida das pessoas" diz Rui Tavares sobre a continuidade do acesso livre ao SNS. "O nosso sistema pode e deve ser reforçado, nomeadamente combatendo a evasão fiscal, os fundos criados pela UE, criar a rede de saúde dentária, mental e de cuidados paliativos."
Onde é que o Estado social tem de evoluir? "Pode e deve adaptar-se a uma vida mais flexível". Rui Tavares defende subsídio de desemprego para quem se despeça, acompanhe cônjuge em mudança de emprego que envolva relocalização.
André Ventura lembra Catarina Martins que quem aprovou os últimos seis Orçamentos não foi a direita. "Aprovaram 900 milhões para a TAP e 400 milhões para o SNS."
"Tem de haver um prazo máximo nas consultas para que se o SNS não puder dar resposta, tem de ir ao privado. Não podemos deixar esta pessoa morrer por questões ideológicas." A comparticipação de medicamentos também é uma proposta do Chega.
Para Catarina Martins há que elencar os problemas do SNS para encontrar soluções. Mas os profissionais não têm condições para trabalhar no SNS. Nomeadamente os médicos, que não ficam no Serviço Nacional de Saúde.
A dedicação exclusiva dos médicos ao SNS pode ser uma das soluções.
"É preciso salvar o SNS", aponta Cotrim de Figueiredo. Que elogia o SNS, mas lembra que os relatórios internacionais mostram que os "portugueses são dos que mais gastam do seu bolso na Saúde".
O líder do IL recorda que propõe a reforma a fundo do SNS para um modelo misto. "O PS opõem-se, mas não se opus sempre, a proposta do modelo misto estava no livro branco da reforma da Saúde do PS, e ainda há poucos anos defendia o modelo misto como o holandês que é o propomos".
CDU diz que SNS está a ser alvo de desmantelamento. Há um "negócio da doença", afirma João Oliveira sobre o facto de os grupos privados retirarem médicos ao serviço público. É preciso contratar e valorizar profissionais para tornar o SNS robusto.
Para a Educação e para a Saúde, Francisco Rodrigues dos Santos lembra que o CDS-PP privelegia a "liberdade de escolha das famílias", protegendo os mais desfavorecidos e que todos possam escolher o melhor hospital e a melhor escola. "Não colocamos a ideologia à frente das pessoas."
"O CDS defende uma via verde Saúde, que permite dar consultas a quem precisa e a horas. Consultas e cirurgias."
Na Educação o CDS também defende que se possa escolher a escola, "com critérios, transparentes e que são definidos no âmbito do acesso como as escolas públicas".
"Olhemos para a saúde do ponto de vista das pessoas. Como é que conseguimos ter mais cuidados para as pessoas? Repusemos o que a direita tinha cortado'', diz António Costa.
Em seis anos de legislatura há mais 28 mil profissionais no SNS, lembra António Costa. "Temos de continuar a avançar". Dotar cuidados de saúde primários de equipamentos para aliviar hospitais é uma das medidas, enumera Costa; atrair profissionais para o interior outra.
"O que nós precisamos é de equilíbrio. Reduzir a fiscalidade sobre classe média e empresas, convergir com a União Europeia'', conclui.
"SNS é tendencialmente gratuito", garante Rui Rio, que diz que António Costa inventou que o PSD quer privatizar a Saúde.
"Coisa diferente mantermos o SNS como está agora. Médicos de famílias que não existem e recorde de mortes não-covid. Não pode ser mais do mesmo", defende o líder do PSD.
A proposta social-democrata: "Se há capacidade instalada no privado, vamos negociar, na lógica do negócio em que eles ganham e o Estado também ganha e depois exigir que o público faça igual ao privado."
Rio antecipa que quer "um novo modelo de gestão" no SNS para que ultrapasse os problemas atuais. "O dinheiro que lá está é mal gerido. O Governo esqueceu-se de negociar os contratos de eletricidade e agora os hospitais estão a pagar três vezes mais."
Francisco Rodrigues dos Santos põe a culpa do estado do País no PS. Os anos da geringonça fizeram mal ao País. "Há uma escravatura fiscal, enfim, uma overdose de impostos que não resolve a economia."
Chicão lembra que Portugal perde 500 milhões de euros por ano por ter uma taxa de IRC das mais altas da Europa.
"Defendemos que haja uma poupança de 800 milhões de euros para a classe média."
João Oliveira, que subsitiu Jerónimo de Sousa (a recuperar de uma operação cirurgica), acredita que existem muitas fontes de rendimentos para responder às necessidades.
"O Banco de Portugal estima um crescimento de 5%. Se os salários não aumentam, esses milhões vão parar a dividendo e saem do País. Se a riqueza criada ficar nos trabalhadores conseguimos mais justiça social."
O deputado da CDU defende que o crescimento económico pode ser alavancado pelo aumento dos salários.
A progressividade dos impostos é uma questão de justiça, diz em resposta à questão lançada por Carlos Daniel. O Livre quer ir buscar os mais de dez mil milhões de euros que se evadem do Estado. O IVA deve ser reduzido e a família mediana deve pagar menos IRS.
"O que é importante é moralizar, para não termos quem não quer fazer nada a usufruir de apoios sociais", defende-se André Ventura perante a questão de que está focado nos pobres como o problema.
O líder do Chega defende que é preciso "olhar primeiro para as pessoas", antes de pensar nas alterações climáticas.
"Temos 300 e tal milhões que gastamos por ano em apoios não contributivos, temos de fiscalizar. É gasto em observatórios, grupos. Dinheiro que podia ir para as famílias."
Inês Sousa Real recorda que tentou acabar com estágios precários e que apenas a IL se absteve nesta proposta que o PAN apresentou no Parlamento.
A líder do PAN volta a defender a taxação das indústrias poluentes e um revisão dos escalões do IRS e a descida do IRC para que as empresas possam comportar a subida dos salários médios e mínimos.
"Queremos uma mudança de paradigma de um Governo para o bem-estar e a felicidade, com 25 dias de férias e tempo para as atividades de lazer."
É preciso um sistema fiscal mais amigo. Os dois escalões de IRS são importantes pois é a forma mais rápida de subir salários, acredita o candidato da Iniciativa Liberal. "É a forma mais evidente de travar esta emigração", respondeu em alusão a Costa.
Para Cotrim de Figueiredo, o sistema fiscal português é "complexo sobre as pessoas". A simplificação para duas taxas do IRS e acabar com a maior parte das deduções é o ponto de partida para a mudança.
"Entre 2016 e 2019 a economia portuguesa cresceu sete vezes mais do que nos seis anos anteriores", sublinha António Costa.
E o secretário-geral do PS garante que o querem para o futuro "é acelerar ainda mais o cresceimento", algo que considera possível, usando o dinheiro da bazuca europeia.
Questionado por que motivo Portugal foi ultrapassado por vários países da Europa, incluindo os de leste que entraram depois, António Costa falou "de que a História explica", mas garante que no seu Governo "ultrapassámos países mais desenvolvidos como a Itália e cresceu acima da média europeia".
Rui Rio acredita numa política coerente. Primeiro cuida-se da produção para depois distribuir riqueza
"É preciso baixar, IMT, IVA, IMI. Até acho que é preciso baixar tudo", começa por dizer. Para Rui Rio, baixar primeiro o IRS "é mais do mesmo". Há que ter uma política coerente, cuidando primeiro da produção para depois distribuir a riqueza. O PSD quer "equilíbrio".
Catarina Martins defende que uma das regras para ter crescimento é "salário", além das qualificações, empresas maiores e fiscalidade, que são apontadas pelos economistas como essenciais para o crescimento.
"Conseguimos provar que aumentar o salário mínimo era possível."
A líder do BE critica ainda o que considera ser uma posição da Europa, que é privilegiar quem tem mais. "Achamos que é possível reduzir o IRS de quem vive do seu trabalho e baixar, por exemplo, o IVA da eletricidade. Acabando com isenções que tiram ao País 800 milhões de euros."
O candidato do Livre, Rui Tavares, assume o peso do partido, sugerido pelas últimas sondagens. "Se houver maioria à esquerda, seremos parte da solução. Se houver maioria à direita, seremos parte da oposição."
João Cotrim de Figueiredo, líder do Iniciativa Liberal, começa por atacar António Costa, defendendo que não explica para que quer os votos dos portugueses. "Está a defender que vai apresentar o mesmo Orçamento que foi chumbado."
"Nos últimos dias tem tentado dramatizar, dizendo que só a maioria absoluta do PS traz estabilidade", critica Cotrim de Figueiredo.
O líder da IL defende que o seu partido, "pode faltar o ímpeto reformista de que o País precisa" ao PSD.
O Chega quer contribuir para uma maioria de direita. "E só será possível com o Chega". Para André Ventura, a questão é se Rui Rio conta com o Chega para uma maioria.
Se o Chega tiver o peso que as sondagens indicam, irá exigir uma presença no Governo. O voto no Chega não pode ter menos valores do que nos outros partidos, para André Ventura.
A sondagem de ontem, domingo, dava-nos 9%. André Ventura assume como objetivo, ter 20 deputados eleitos no Parlamento.
Inês Sousa Real do PAN começa por explicar se prefere PS ou PSD no Governo. "É importante que uma maioria absoluta ou um bloco central não serve os interesses do País." O PAN é o partido no Parlamento que mais votou alinhado com o Governo de António Costa.
A líder do PAN aproveita para puxar as bandeiras do partido para dizer que não fará acordos com partidos que não respeitem os direitos dos animais e as alterações climáticas.
"O PAN constrói pontes ao invés de muros. Aquilo que jamais viabilizaremos são retrocessos civilizacionais."
Para Francisco Rodrigues dos Santos, um voto no CDS é um voto certo para uma maioria de direita, que liberta o País da governação de esquerda. "Nenhum voto será desperdiçado." Será um voto contra António Costa e o bloco central de interesses, diz diante do painel.
Em relação a uma maioria de direita, Rodrigues dos Santos, diz-se disponível, não fazendo "arranjinhos com a esquerda e com a extrema esquerda".
"Eu dei a cara ainda há dois anos para dizer que a melhor solução era a geringonça", ataca António Costa, que lembra que o Bloco já "rompeu" com ela em 2020.
O líder do PS considera ainda que "faltou vontade política" e não poupou críticas ao PCP, o outro parceiro da geringonça que chumbou este Orçamento do Estado.
Fala João Oliveira. "Cada voto na CDU contribui para uma política capaz de resolver os problemas das pessoas. A CDU continuará a ser a força de convergência", garante.
Catarina Martins considera que o País não querem "uma maioria absoluta". "Ouço as pessoas na rua que pedem 'entendam-se'."
Ainda assim, a coordenadora do Bloco de Esquerda, refere que está disponível para fazer parte da solução, depois das eleições. Recordando a Geringonça de 2015 como exemplo de estabilidade.
"Qualquer um pode ser primeiro-ministro", diz Rui Rio. Para o candidato do PSD, os portugueses têm de pensar na hora de voto se querem o PS ou o PSD no Governo.
Afastando um cenário de maioria absoluta para o PS ou para o PSD, o candidato social-democrata fala em estabilidade.
Questionado sobre uma eventual saída da liderança do PSD, Rui Rio diz que depende do partido, do resultado eleitoral e da sua vontade. "Não estou agarrado, estou a cumprir uma missão", afirma.
Depende do partido, do resultado eleitoral e da minha vontade. Não é um elemento central. "Eu não estou agarrado, estou a cumprir uma missão."
António Costa é o primeiro a falar, sobre a governabilidade depois das eleições de 30 de janeiro. "O País precisa de estabilidade de forma a termos toda a energia focada em tirar Portugal da crise."
O secretário-geral do PS volta a defender a "maioria absoluta que dá estabilidade para os quatros anos".
"O meu programa é claro, retomarmos o ritmo de convergência com a União Europeia e ultrapassarmos a pandemia", sublinha.
"Ganhando as eleições assumirei as minhas responsabilidades. São os portugueses que decidem as ferramentas, com ou sem maioria absoluta." Ainda assim, António Costa mantém que se demitirá se perder as eleições e não conseguir formar Governo.
Por incúria, má-fé, incompetência ou irresponsabilidade institucional o estado português dá o flanco e é assim que se caminha para a desgraça em todas as guerras.
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A última condenação do ex-Presidente francês recorda-nos como nasceu a crise da democracia.
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