Santana: Sampaio "estava muito empenhado" em empossar Cavaco

No segundo volume da biografia, Jorge Sampaio acusou Santana Lopes de como primeiro-ministro "deixar o país à deriva" e agora foi a vez do social-democrata responder. Em entrevista à Rádio Renascença, Santana Lopes prometeu um livro para esclarecer todos os "os factos alternativos" presentes na biografia do ex-Presidente da República e ainda deixou uma acusação: Sampaio dissolveu o Parlamento em 2004 de modo a haver um Governo PS, "o ideal" para empossar Cavaco Silva. 

"Sampaio estava muito empenhado na eleição de Cavaco Silva. Estou convencido que essa foi a principal razão", disse o actual provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa à Rádio Renascença. Santana acredita que "o sistema" via Sampaio como "muito distante de Cavaco Silva" e receava que, com o antigo primeiro-ministro na liderança do PSD, o partido não apoiasse Cavaco com convicção. "O sistema dos poderosos era mais amigo de Jorge Sampaio do que meu amigo", afirma o actual provedor da Misericórdia de Lisboa, que também atribui culpas da sua queda a "algum sector financeiro e alguns empresários".

Quanto à sua queda enquanto primeiro-ministro, Pedro Santana Lopes defende que tudo não passou de "uma decisão política deliberada". Apesar de não ter gostado de ler o que Sampaio escrevera, o provedor da Misericórdia mostrou-se disponível para uma conversa pública com o antigo Presidente da República para esclarecerem como "pessoas dignas e civilizadas" o que chama mesmo de "factos alternativos" contados no livro.

Santana refere-se às considerações feitas pelo antigo Presidente da República na segunda parte da biografia de Jorge Sampaio: "Fartei-me do Santana como primeiro-ministro, estava a deixar o país à deriva - mas não foi uma decisão ad hominem. (...) Hoje faria o mesmo. De vez em quando é preciso dar voz ao povo - e percebi qual era o sentimento do povo".

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