Associação alertou para a redução do número de candidatos para a PSP ao longo das últimas duas décadas.
A Associação Sindical dos Profissionais de Polícia (ASPP/PSP) alertou hoje para a redução do número de candidatos para a PSP ao longo das últimas duas décadas, considerado que o "salário muito baixo" da profissão é uma das razões.
A ASPP/PSP refere, em comunicado, que relativamente à década de 90 ou mesmo com o início do século XXI o número de candidatos tem vindo a cair de cerca de 10 mil para pouco mais de 2.000.
"Esta redução tem refletido algumas preocupações com a seleção para ingresso nos cursos para agente de polícia", diz a associação, notando que o ordenado base é de 791 euros, sendo um salário muito baixo para os requisitos do cumprimento da missão.
A ASPP/PSP alude ainda ao risco acrescido devido à agressão violenta/grave dos profissionais, a qual tem aumentado consideravelmente, passando de 122 em 2016 para 239 em 2019.
Outra razão que, segundo a associação, afasta o interesse dos candidatos está no facto de a responsabilidade estar "exclusivamente centrada no agente", que executa, coordena a ocorrência e responde sobre a sua atuação perante as entidades responsáveis (Direção Nacional, Inspeção Geral da Administração Interna (IGAI) e tribunais.
Além disso, observa a ASPP/PSP, um profissional de polícia lida "com todo o tipo de imprevistos, mesmo fora da sua área de missão e tem frações de segundos para poder tomar decisões complexas que tem impacto diretamente na sua própria vida ou na vida de qualquer cidadão".
Paralelamente, alerta que a falta de perspetiva de carreira, completamente limitadas para as carreiras da base da pirâmide, é outro dos motivos apontados pela ASPP para que a profissão tenha deixado de ser atrativa para os candidatos.
"Um agente, apesar de ter avaliações de serviço máximas e um currículo acima da média, pode demorar 15 anos a ser promovido à primeira categoria (agente principal) na carreira de agentes", diz a associação, apontando também "constantes congelamentos das progressões horizontais, o que prolonga as atualizações, ainda que mínimas, na carreira.
Tudo isto - acentua a ASPP/PSP - que acaba por "destruir qualquer motivação".
Por outro lado, salienta ainda a associação, cerca de 90% dos novos agentes são colocados em Lisboa, a cidade mais cara do país em matéria de alojamento e alimentação, deslocados do seio familiar.
"Tendo em conta o fraco ordenado, acaba por não suportar as despesas básicas para poder viver na capital", considera a ASPP/PSP, referindo que um profissional pode estar quase 20 anos para conseguir transferência para o local da sua preferência.
"Julgamentos constantes na praça pública, muitas vezes injustos, sobre a atuação dos profissionais, problemas crescentes e graves de saúde do foro psicológico" e outros problemas emocionais e familiares, que em muitos casos levam ao divórcio, são os outros fatores negativos indicados pela ASPP/PSP que explicam o decréscimo de candidatos à profissão.
Segundo a direção da associação, se o governo não resolver este problema estará a colocar em causa a qualidade e credibilidade desta instituição, "a quem todos os dias se exige mais".
Salário muito baixo e outras razões afastam candidatos à carreira de polícia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui ,
para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana. Boas leituras!
Para poder adicionar esta notícia aos seus favoritos deverá efectuar login.
Caso não esteja registado no site da Sábado, efectue o seu registo gratuito.
Para poder votar newste inquérito deverá efectuar login.
Caso não esteja registado no site da Sábado, efectue o seu registo gratuito.
A condenação do CSMP assenta na ultrapassagem das limitações estatutárias quanto à duração dos mandatos e na ausência de fundamentos objetivos e transparentes nos critérios de avaliação, ferindo princípios essenciais de legalidade e boa administração.
A frustração gera ressentimento que, por sua vez, gera um individualismo que acharíamos extinto após a grande prova de interdependência que foi a pandemia da Covid-19.