Lucinda tinha direito a horário reduzido, mas a diretora propôs-lhe substituir uma auxiliar de ação educativa. Albina foi humilhada pela diretora à frente das colegas: “Horário só de manhã porquê? Os parafusos (da coluna) só te doem à tarde”?”, ter-lhe-á dito. No final do segundo período ainda há alunos sem professor a algumas disciplinas, mas há docentes que querem e podem dar aulas, mas acabam afastados das escolas. Seis professoras denunciam os diretores das escolas em que trabalham, mesmo correndo o risco de represálias.
Anabela Rocha Paiva está de baixa médica, há vários meses. De vez em quando, há um aluno que a contacta para saber o que se passa e a docente sente-se obrigada a mentir. "Não me encontram na escola e perguntam-me o que é que se passa, que gostavam que eu estivesse na escola, que têm saudades minhas. Digo que estou doente", explica. A docente admite que não é essa a verdade e, por momentos, emociona-se. Pede-nos alguns segundos para se recompor. Anabela é professora na Escola Artística Soares dos Reis, no Porto, e tem o curso de escultura. Apresenta um trabalho vasto, em que se destaca o busto do célebre bispo de Setúbal, Dom Manuel Martins, junto ao Mosteiro de Leça do Balio, em Matosinhos, a terra natal do religioso. Dar aulas, garante, é um gosto. "Gosto de ensinar o que sei, do contacto com os alunos porque faz-nos sentir sempre mais jovens", explica. Está de baixa médica, mas podia estar a trabalhar. "Eu estou desde outubro a lutar contra isto, quero ir trabalhar", diz. E prossegue: "Eu quero é ser professora. Aliás, eu enviei várias reclamações para todas as entidades, inclusive para o Ministro da Educação e o título dos meus emails era "Eu quero dar aulas". A indignação de Anabela resume-se numa frase: uma professora doente não tem necessariamente de ser empurrada para a baixa médica. "Eu tenho artrite reumatoide e síndrome de Sjogren", diz. E prossegue: "São duas doenças autoimunes que dão muito cansaço. Eu estou a fazer tratamentos no hospital e fico extremamente cansada. Depois de estar uma manhã inteira a trabalhar, tenho que me deitar", explica.
Repórter SÁBADO. Professores empurrados para a baixa médica
Para poder adicionar esta notícia aos seus favoritos deverá efectuar login.
Caso não esteja registado no site da Sábado, efectue o seu registo gratuito.
A escola é um espaço seguro, natural e cientificamente fundamentado para um diálogo sobre a sexualidade, a par de outros temas. E isto é especialmente essencial para milhares de jovens, para quem a escola é o sítio onde encontram a única oportunidade para abordarem múltiplos temas de forma construtiva.
O humor deve ser provocador, desafiar convenções e questionar poderes. É um pilar saudável da liberdade de expressão. Mas quando deixa de ser crítica legítima e se transforma num ataque reiterado e desproporcional, com efeitos concretos e duradouros na vida das pessoas, deixa de ser humor.