Sábado – Pense por si

Rangel: Manifestação pró-Palestina é compreensível perante "catástrofe humanitária"

Lusa 11 de junho de 2025 às 21:47
As mais lidas

"Perante a catástrofe que está em causa, é natural que pessoas, jovens e mais velhos, se levantem desta forma", reagiu Rangel depois de ser interpelado por manifestantes.

O ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, disse hoje compreender a manifestação de jovens em defesa da Palestina, perante a "catástrofe humanitária" da guerra em Gaza, durante uma conferência em Lisboa, rejeitando as acusações de genocídio.

Sérgio Lemos/Sábado

"Há uma coisa que eu compreendo: perante a catástrofe que está em causa, é natural que pessoas, jovens e mais velhos, se levantem desta forma. Isso não acho extraordinário, acho natural e não acho sequer censurável. Acho que faz parte da liberdade de manifestação", comentou Paulo Rangel, no início da sua intervenção na conferência "40 Anos de Portugal na União Europeia: O Legado de Mário Soares e os Desafios do Futuro", na Feira do Livro, em Lisboa.

"É até compreensível, dada a catástrofe humanitária que está em curso", comentou ainda.

No início da conferência, cinco jovens acusaram o chefe da diplomacia portuguesa e a União Europeia de serem "culpados de genocídio", irrompendo no recinto, com cartazes em que se lia "Rangel culpado de genocídio", "UE culpada de genocídio", "Para de consentir, começa a agir", empunhando uma bandeira da Palestina.

A ação, organizada pelos movimentos Climáximo e Greve Climática Estudantil, não interrompeu a conferência, que prosseguiu, enquanto elementos da polícia e seguranças retiravam os manifestantes do auditório, que continuaram o protesto no exterior, antes de dispersarem.

Rangel defendeu que "o que é censurável é quando se atira tinta para as pessoas", o que "não é inocente" e pode até causar "lesões gravíssimas para as pessoas".

"Eu sou daqueles que defende o direito à manifestação, desde que seja feito como este foi, marcar um ponto e depois não impedir que os outros exerçam a sua liberdade à expressão", acrescentou.

Rangel sublinhou depois que "ao contrário do que toda a gente diz, não houve nenhum governo português que fizesse tanto como este".

"Quando há um governo que faz muito mais que todos os outros que fizeram antes, é criticado de ser cúmplice do genocídio. Os outros que nada fizeram, pelos vistos estavam muito bem", lamentou.

O ministro recordou que Portugal votou favoravelmente, nas Nações Unidas, a admissão da Autoridade Palestiniana como membro de pleno direito da ONU e que proibiu qualquer exportação de armas para Israel.

"A esquerda toda fala, mas houve a 'geringonça' e não fizeram nada. Podiam nessa altura ter feito tudo. O Governo socialista não proibiu a venda de armas a Israel até abril de 2024. Não estou a criticá-los, admito que isto era uma avaliação que estava em curso", comentou.

O governante também criticou os partidos da esquerda por apresentarem agora propostas pelo "reconhecimento imediato" do Estado da Palestina.

"Pena é que há 14 meses podiam tê-lo feito e não o fizeram", referiu.

Sobre esta matéria, Rangel reiterou que o Governo da Aliança Democrática (PSD/CDS-PP) "nunca esteve fechado a um futuro reconhecimento" e que é algo que está "em permanente avaliação".

"E é assim que estamos e estamos a falar com Estados", disse.

Sobre a conferência sobre a solução dos dois Estados, que decorre nas Nações Unidas entre os próximos dias 17 e 20 -- na qual o ministro dos Negócios Estrangeiros participará -, Rangel disse ter "bastante esperança que alguns passos concretos sejam dados por parte dos vários atores".

"Veremos. Estamos todos em negociações intensas", afirmou.

Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
GLOBAL E LOCAL

A Ucrânia somos nós (I)

É tempo de clarificação e de explicarmos às opiniões públicas europeias que sem Segurança não continuaremos a ter Liberdade. A violação do espaço aéreo polaco por parte da Rússia, com 19 drones, foi o episódio mais grave da história da NATO. Temos de parar de desvalorizar a ameaça russa. Temos de parar de fazer, mesmo que sem intenção, de idiotas úteis do Kremlin. Se não formos capazes de ajudar a Ucrânia a resistir, a passada imperial russa entrará pelo espaço NATO e UE dentro