O TEDH entendeu que houve violações dos artigos 3.º e 5.º da Convenção Europeia dos Direitos Humanos, que estipulam que ninguém pode ser sujeito a tortura ou tratamento desumano ou degradante e que a privação de liberdade de pessoas com perturbações mentais deve seguir as normas legais.
Portugal foi condenado pelo Tribunal Europeu dos Direitos Humanos (TEDH) a pagar 34 mil euros pela detenção de um doente com esquizofrenia paranoica, defendendo que o Estado não assegurou assistência adequada e que isso teve reflexos na saúde.
Direitos Reservados
Segundo adecisão divulgada esta terça-feiraem Estrasburgo, o TEDH entendeu que houve violações dos artigos 3.º e 5.º da Convenção Europeia dos Direitos Humanos, que estipulam que ninguém pode ser sujeito a tortura ou tratamento desumano ou degradante e que a privação de liberdade de pessoas com perturbações mentais deve seguir as normas legais.
Para o TEDH, a detenção de Rui Miranda Magro "num estabelecimento prisional - inapropriada para uma pessoa com doença mental - sem cuidados adequados tinha causado confusão e medo, em violação dos seus direitos", exortando o Estado português a "garantir condições de vida adequadas e um tratamento adequado e individualizado aos doentes mentais".
O cidadão português, de 48 anos, foi diagnosticado com esquizofrenia paranoica em 2002 e em setembro de 2019 foi condenado pelo tribunal de Évora por ameaças e assédio sexual, apesar de ter sido declarado inimputável. Foi decretado o internamento por um período máximo de três anos num estabelecimento psiquiátrico, mas essa ordem foi suspensa com a condição de o arguido se submeter a tratamento psiquiátrico no Hospital do Espírito Santo de Évora.
Porém, Rui Miranda Magro faltou a consultas e, perante novas acusações criminais, o tribunal assinalou a violação dos termos da suspensão, decretando o internamento em fevereiro de 2021. Foi encaminhado em abril para o Hospital Júlio de Matos, em Lisboa, que não o aceitou por falta de vagas, e acabou por ser levado para a unidade psiquiátrica do Hospital Prisional de Caxias, onde permaneceu até outubro desse ano à espera de vaga fora do sistema prisional.
O queixoso, que foi representado pelo advogado Vítor Carreto neste processo no TEDH, alegou não ter recebido o tratamento médico exigido pelo seu estado de saúde mental e que foi tratado com medicação excessiva com efeitos prolongados, além de defender que o hospital prisional não era efetivamente uma instituição de saúde mental apta para o manter, levando a "uma deterioração do seu estado".
O Governo defendeu que Rui Miranda Magro tinha recebido cuidados adequados e que não tinha sido alvo de tratamentos desumanos ou degradantes, tendo sido transferido ao fim de cerca de seis meses para o hospital psiquiátrico Sobral Cid, em Coimbra. No entanto, o TEDH não valorizou a argumentação do Governo e deu razão ao cidadão português, determinando a indemnização de 34 mil euros, a ser paga pelo Estado num prazo de três meses.
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui ,
para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana. Boas leituras!
Para poder adicionar esta notícia aos seus favoritos deverá efectuar login.
Caso não esteja registado no site da Sábado, efectue o seu registo gratuito.
O humor deve ser provocador, desafiar convenções e questionar poderes. É um pilar saudável da liberdade de expressão. Mas quando deixa de ser crítica legítima e se transforma num ataque reiterado e desproporcional, com efeitos concretos e duradouros na vida das pessoas, deixa de ser humor.
O poder não se mede em tanques ou mísseis: mede-se em espírito. A reflexão, com a assinatura do general Zaluzhny, tem uma conclusão tremenda: se a paz falhar, apenas aqueles que aprendem rápido sobreviverão. Nós, europeus aliados da Ucrânia, temos de nos apressar: só com um novo plano de mobilidade militar conseguiríamos responder em tempo eficaz a um cenário de uma confrontação direta com a Rússia.
Até porque os primeiros impulsos enganam. Que o diga o New York Times, obrigado a fazer uma correcção à foto de uma criança subnutrida nos braços da sua mãe. O nome é Mohammed Zakaria al-Mutawaq e, segundo a errata do jornal, nasceu com problemas neurológicos e musculares.