Portugal pode atingir imunidade de grupo em agosto
O vice-almirante Gouveia e Melo acredita que a imunidade de grupo possa ser atingida mais cedo do que inicialmente previsto graças ao novo reforço de vacinas.
Portugal tem o valor do Rt mais baixo da Europa, informou Baltazar Nunes, esta segunda-feira durante a reunião do Infarmed com os especialistas e os decisores políticos. Baltazar Nunes afirma mesmo que o índice de transmissão está abaixo de 1 em todas as regiões do país.
Covid-19 Portugal Reuters
"Portugal apresenta o valor do R mais baixo da Europa", informou o especialista do Instituto Ricardo Jorge, destacando que "se continuarmos com este valor de redução da transmissibilidade é possível continuarmos a descer a uma velocidade acentuada".
Atualmente, o Rt é de 0,67, informou o especialista. Isto que dizer que maior parte dos infetados não infeta mais do que uma pessoa.
Sobre a posição de Portugal comparativamente com os outros países da Europa no período entre 9 e 21 de Fevereiro, "Portugal estava com uma taxa de incidência acima dos 960 casos por cem mil habitantes e actualmente está no intervalo entre 240 e 480 casos por cem mil habitantes", disse ainda.
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Reunião Infarmed 22 de fevereiro
Desde o início da epidemia de COVID-19, a estimativa do R(t) variou entre 0,81 e 2,34, valor a partir do qual começou a baixar desde o dia 12 de março - anúncio do fecho das escolas - e com quebras mais acentuadas a partir do dia 16 de março - data de fecho das escolas.
Ao MinutoAtualizado Há 6 dias
Há 6 dias22 de Fevereiro de 2021 às 18:23
Minsitra da Saúde recusa falar de desconfinamento para já
A ministra da Saúde, Marta Temido, considera que o número de pessoas internadas nas unidades de cuidados intensivos devido à covid-19 ainda é demasiado elevado para se poder proceder de forma descontrolada ao desconfinamento.
A ministra referiu que não achava prudente começar já a falar de desconfinamento quando os números atuais ainda não dão essa segurança.
No entanto, Marta Temido admite que na altura de reabrir, é provável que se comece pelas escolas. "Tendo o Governo referido várias vezes que o último encerramento que desejaria ter feito era o das atividade escolares, é coerente que um processo de reversão se inicie pelas atividades escolares", disse a ministra.
A ministra diz ainda ter concluído que se as medidas atuais se mantivessem, o país pode "atingir uma ocupação de um pouco mais de 300 camas de cuidados intensivos em meados de março e menos de 50 camas" no final desse mês.
Chegaram até ao momento cerca de um milhão de vacinas a Portugal e já foram aplicadas cerca de 700 mil vacinas. O plano prevê que sejam administradas 230 mil vacinas esta semana, informou o vice-almirante Gouveia e Melo, responsável pelo plano de vacinação.
O militar referiu ainda que 4,5% da população nacional já recebeu pelo menos a primeira dose e que 2,7% já recebeu inclusive a segunda dose.
A redução do número de vacinas no primeiro trimestre é menor, mas vai continuar a extravasar para o segundo trimestre, informou ainda o responsável. "Mas as expectativas são melhores para o terceiro e quarto trimestre" e Portugal pode mesmo atingir a imunidade de grupo em agosto e não em setembro.
Carla Nunes, da Escola Nacional de Saúde Pública, refere na sua apresentação que os portugueses estão a usar mais a máscara, a sair menos de casa e a confraternizarem menos em grupo.
A professora referiu que há cada vez mais pessoas a dizer que usa "sempre" a máscara quando sai, depois de um decréscimo registado na "quinzena de festas".
Sobre a frequência com que saiu de casa sem ser para ir trabalhar, ao contrário de 11 dezembro em que 35% das pessoas dizia todos ou quase todos os dias, agora são apenas 16,4%, "menos de metade das pessoas".
A professora refere ainda que o nível de confiança nos serviços de saúde tem vindo a recuperar nas útlimas semanas, quer entre doentes covid e não-covid.
Henrique Barros defende que para começar a atuar de novo é necessário avaliar quais as medidas que tiveram efeitos mais positivos no controlo da pandemia no passado.
"Os novos casos e os internamentos, bem como as suas taxas de crescimento fornecem um quadro excecional para a tomada de decisão no futuro", referiu.
É necessário continuar a controlar depois de atuar
O professor da Universidade do Porto refere que antes de decidir é necessário olhar ainda para certos parâmetros, como a incidência regional, o número de internamentos em unidades de cuidados intensivos e ainda a velocidade de infeção (RT, tempo de duplicação e taxa de crescimento).
Henrique Barros lembra ainda que a mobilidade é essencial para a disseminação do vírus e que por isso deve continuar a ser monitorizada e tida em conta na altura de tomar decisões.
Henrique de Barros, professor da Universidade do Porto e especialista em Saúde Pública, defende que para atuar é necessário em primeiro lugar assegurar que:
- Há capacidade de controlo da transmissão do vírus; - Capacidade de identificar, testar, isolar e tratar todos os casos e rastrear todos os contactos; - Capacidade de minimizar o risco de surtos em contexto vulneráveis; - Garantir as medidas preventivas; - Definir as medidas para lidar com o risco de importação de casos; - Educar a comunidade para lidar com as novas regras.
Baltazar Nunes endereçou ainda durante a reunião do Infarmed o excesso de mortalidade das primeiras semanas do ano. "Do que observamos, pode ser atribuída a dois factores", afirmou. Os principais factores que contribuíram para o excesso de mortalidade foram a covid-19 e as temperaturas extremas.
Foram regitados "8.718 óbitos atribuíveis à covid-19 e cerca de 2.273 por frio" no tempo entre a 53.ª semana de 2020 (a que começou a 28 de dezembro) e a sexta de 2021.
Isto quer dizer que o excesso de mortalidade pode ser explicado por dois factores. A covid-19 que representa 74% dos casos de excesso de mortalidade, 19% devido às temperaturas baixas e "7% das mortes em excesso não têm causa identificada ainda".
Baltazar Nunes informou ainda que Portugal é, atualmente, o país com a maior redução de mobilidade desde o início do ano. No entanto, a partir da terceira semana de fevereiro notou-se um aumento de movimentações entre a população nacional, quando comparada à primeira semana do ano. O pico de confinamento foi no início do mês de Fevereiro, disse ainda o especialista.
Houve ainda uma redução acentuada do número de contactos diários. Os mais velhos reduziram 41% dos contactos entre o fim de dezembro e o fim de janeiro. Já a faixa etária entre os 18 e os 49 anos reduziu o número de contactos diários em 35% e as pessoas com idades compreendidas entre os 59 e os 59 anos reduziram os contactos em 28%.
Baltazar Nunes calcula ainda que até ao final de março teremos teremos cerca de 200 pessoas em unidades de cuidados intensivos. Mas que no início do mês serão ainda 488 e a meio de março, 321. "Nada disto é adquirido ou certo e vai depender do grau de implementação das medidas e do comportamento da população", avisou ainda.
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