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Os primeiros 100 dias de liderança de Rui Rio

22 de abril de 2018 às 12:46
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Este domingo o presidente eleito do PSD completa 100 dias no cargo, após derrotar Santana Lopes em eleições directas com 54% dos votos. Com uma baixa na direcção e mudanças no parlamento, os primeiros dias de Rio ficaram marcados por turbulência interna.

Este domingo o presidente eleito do PSD completa 100 dias no cargo, após derrotar Santana Lopes em eleições directas com 54% dos votos. Com uma baixa na direcção e mudanças no parlamento, os primeiros dias de Rio ficaram marcados por turbulência interna.

Rui Rio CIP
Rui Rio
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Rui Rio foi eleito no dia 13 de Janeiro. Até ao Congresso, que se realizou entre 16 e 18 de Fevereiro, Rio optou por uma postura discreta e apenas teve uma reunião institucional com o presidente cessante, Pedro Passos Coelho, na qual ambos apelaram à unidade e em que o novo líder já admitia "alguma turbulência".

Nessa fase, o foco da instabilidade foi sobretudo a incerteza quanto à liderança parlamentar, já que Hugo Soares, eleito em Julho e apoiante de Santana, não pôs o lugar à disposição de Rio.

Num primeiro momento, ambos acordaram manter a direcção da bancada até ao Congresso, mas, dois dias antes da reunião magna, Hugo Soares anuncia eleições antecipadas para o grupo parlamentar depois de Rui Rio lhe ter manifestado o desejo de trabalhar com outra liderança.

Fernando Negrão anuncia a sua candidatura ao lugar ainda antes do início do Congresso, cujo arranque fica marcado pela despedida de Passos Coelho, que liderou o PSD durante quase oito anos.

Após avanços e recuos, é na madrugada do segundo dia do Congresso que Rui Rio e Pedro Santana Lopes chegam a acordo para listas de unidade para os órgãos nacionais -- à excepção da Comissão Política, órgão de direcção -, construídas na proporção dos resultados eleitorais, o que acaba por deixar de fora e descontentes vários representantes distritais, alguns apoiantes do novo líder.

Luís Montenegro, que chegou a admitir uma candidatura à liderança, faz um dos discursos mais aplaudidos do Congresso, onde anuncia que deixará o parlamento em Abril e se posiciona como reserva para o futuro.

Imediatamente a seguir, Rio pede a palavra e anuncia a composição da sua direcção. O nome mais polémico acabaria por ser o da vice-presidente Elina Fraga, que é vaiada quando toma posse. Rio desvaloriza o assunto, antecipa que vão aparecer "mais histórias" e diz até gostar deste tipo de agitação.

Nos dias seguintes, o presidente do PSD inicia os contactos institucionais: primeiro com o Presidente da República -- com quem se reúne por duas vezes em duas semanas -- e logo a seguir com o primeiro-ministro.

Nessa reunião, que Rio classifica como "uma nova fase" nas relações com o Governo, ficam definidas duas áreas de trabalho - descentralização e o futuro quadro comunitário de apoio - e a 18 de Abril são assinados dois acordos nessas áreas, numa cerimónia em São Bento com António Costa.

Antecipando as críticas internas, Rio defende que os acordos assinados são "bons para Portugal e, logo, são bons para o PSD" e faz "um balanço positivo" por, em apenas dois meses, ter conseguido dois entendimentos.

Além de Marcelo e Costa, Rio almoçou também com a presidente do CDS-PP, Assunção Cristas, com quem manteve uma conversa semelhante à que teve com o primeiro-ministro, e remete para mais tarde a discussão de eventuais coligações (que os centristas viriam a afastar depois no seu Congresso).

No plano interno, Fernando Negrão é eleito líder da bancada com menos de 40% dos votos e não consegue sequer fazer o pleno entre os membros da sua direcção. Chega a falar num "problema ético" no seu grupo parlamentar, mas na primeira reunião com os deputados pede desculpas por alguns excessos de linguagem.

Na sua primeira e até agora única presença em reuniões da bancada -- já depois de todos os outros encontros institucionais - Rio ouve críticas duras, nomeadamente de Luís Montenegro, mas, no final, considera que não podia ter corrido melhor e salienta as intervenções construtivas.

Em meados de Março, Rui Rio sofre a primeira baixa na sua direcção: o semanário Sol noticia irregularidades no currículo do secretário-geral do PSD, Feliciano Barreiras Duarte, que acaba por se demitir uma semana depois.

Rio considerou a polémica à volta do caso de uma "desproporção brutal", e substitui Barreiras Duarte por José Silvano, deputado e antigo autarca de Mirandela, que acaba por ser eleito pelo Conselho Nacional sem grandes reservas.

Anunciado como "uma revolução no funcionamento do partido" foi o novo Conselho Estratégico Nacional, dividido em 16 áreas temáticas, e que podem ser replicadas a nível distrital. Mais de um mês depois do anúncio, foram apresentados os coordenadores -- com muitos rostos do cavaquismo e barrosismo - e porta-vozes deste órgão, que terá por missão preparar o programa eleitoral do partido em 2019.

Desde final de Março, o presidente do PSD tem tido mais iniciativas públicas, entre conferências de imprensa, intervenções em colóquios e debates, e faz as suas primeiras incursões no terreno, dedicadas primeiro aos incêndios e, de uma forma mais sistemática, à saúde.

Nestas últimas semanas, Rio já assegurou que dificilmente o PSD se absterá ou votará a favor do próximo Orçamento do Estado, defendeu que é mais importante descer a carga fiscal do que ter grandes superavits e manifestou concordância com a trajectória de descida do défice prevista pelo Governo.

No entanto, deixou críticas duras ao Programa de Estabilidade - o PSD terá um projecto de resolução em que não rejeita o documento, mas sugere um caminho diferente - e lamentou que, apesar de se falar em milagre económico, não seja possível aumentar os funcionários públicos, relacionando este facto com os milhões que o Estado tem investido na banca sem que sejam conhecidos os seus principais devedores.

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