Jaime Oliveira estava quase cego quando foi a pé a Fátima, mas todos os dias recorda a paisagem do caminho, como se a tivesse visto. Pedro Diogo, o guia de 38 anos que aceitou conduzi-lo, descreveu-lhe em detalhe tudo o que iam encontrando: as flores, as árvores, as serras e os trilhos sinuosos. Fê-lo por iniciativa própria. «Foram dias encantadores. Era maravilhoso ouvir o chilrear dos pássaros, as pessoas a dizerem-nos bom dia, poder comer figos e amoras», recorda o ex-empresário fabril, que perdeu a visão aos 47 anos. Tinha 55 quando foi à Cova da Iria. «Às vezes, brincava com o Pedro e dizia-lhe: "Por acaso isto é bonito".»

O guia e o cego que não se conheciam

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