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Mulher acusada de matar filha com a ajuda de irmã gémea diz que crime não foi planeado

05 de fevereiro de 2019 às 19:57
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Rafaela Cupertino disse que nunca contou a ninguém que estava grávida até ao momento do parto, incluindo à irmã, justificando o crime devido à má relação com o namorado.

Uma das duas irmãs acusadas do homicídio de uma recém-nascida, filha de uma delas, disse esta terça-feira no Tribunal Criminal de Almada que não planeou o crime ocorrido em abril de 2018, em Corroios, no concelho do Seixal.

"Não é verdade que decidi no dia anterior", começou por explicar ao tribunal Rafaela Cupertino, a mãe da criança.

De acordo com a PJ, foi em 9 de abril que o crime ocorreu, pelas 21h30, quando "na sequência do parto de uma menina, a progenitora, com a colaboração da irmã gémea, golpeou a recém-nascida com uma arma branca, provocando-lhe morte imediata".

Na audiência realizada hoje, Rafaela Cupertino disse que nunca contou a ninguém que estava grávida até ao momento do parto, incluindo à irmã, justificando o crime devido à má relação com o namorado, acusando-o de "agressões físicas e psicológicas".

Segundo a arguida, foi enquanto tirava os filhos do carro que rebentaram as águas, mas ainda lhes deu jantar, tomou banho e disse à irmã que ia dormir, até que as dores se tornaram insuportáveis e pediu ajuda.

"Estava completamente em pânico, não aguentava as dores e decidi chamar a minha irmã, contei-lhe e disse que precisava da ajuda dela. Ela ficou em choque e disse para eu chamar uma ambulância e eu em pânico disse que não. Fomos para a casa de banho para ajudar a que a bebé nascesse", explicou.

Rafaela Cupertino confessou, no entanto, que após o nascimento, matou a filha com três facadas no coração.  "Meti a minha filha na banheira virada de cabeça para baixo durante dois ou três segundos, acho que a minha irmã não viu, e depois virei-a para cima. A faca estava no chão da porta e eu estendi a mão, apanhei e desferi-lhe três golpes", revelou.

Apesar destas declarações, a suspeita nega ter dito à irmã, no início do parto, que a criança "teria que desaparecer". "Nunca disse que a bebé tinha que falecer, nem nunca tinha falado nisso. Não sei explicar o motivo, mas deferi esses golpes", reconheceu.

Nesta sequência, Rafaela Cupertino afirmou que a irmã, Inês, não se apercebeu logo do crime, pois estava a tentar tirar-lhe a placenta, contudo, ao ver o que tinha feito "começou a chorar e perguntou porquê".

Quando questionada pela acusação sobre o crime que cometeu, Rafaela Cupertino admitiu: "Acho horrível, eu matei a minha filha. Neste momento estava quase a fazer dez meses".

A suspeita esteve hospitalizada no Hospital Garcia de Orta, em Almada, durante alguns dias, mas foi detida após alta hospitalar.

Um dos ginecologistas que assistiu a arguida no hospital esteve hoje a depor em tribunal e revelou que Rafaela Cupertino "não estava muito consciente devido à grande perda de sangue" e às "lacerações saturadas superficialmente com linhas de costura".

Também a psiquiatra que fez uma avaliação clínica indicou que a suspeita não apresentava psicopatologia aguda, nem necessidade de internamento nessa especialidade.

As duas mulheres estão em prisão preventiva no Estabelecimento Prisional de Tires desde 11 de abril, após o primeiro interrogatório judicial.

O Ministério Público requereu o julgamento em tribunal das arguidas, em coautoria, dos crimes de homicídio qualificado e de profanação de cadáver.

A investigação foi efetuada sob a direção do MP do Seixal, Comarca de Lisboa, com a coadjuvação da Polícia Judiciária.

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