O Presidente é finalmente candidato – mas esticou tanto o assumi-lo que passou parte da apresentação a ter de justificar o “só agora”. Marcelo, o candidato que antes de ser já o era.
Terminada a sua curta intervenção, sem direito a perguntas dos jornalistas, Marcelo Rebelo de Sousa deixou a pastelaria em Belém e foi sendo cercado por repórteres com as questões a que não respondera antes – e que continuou sem responder. Mas esqueceu-se de colocar a máscara, de uso obrigatório, e em condições de pouco ou nenhum distanciamento. Poderia ser simbólico: finalmente, Marcelo deixou cair a máscara - é candidato. Poucos anúncios terão sido tão pouco surpreendentes na política portuguesa. Alguém esperaria que não o fosse? O único mistério que restava era o dia exato e tanto assim é que a primeira parte da declaração do candidato foi, não a explicar porque era candidato – fá-lo-ia depois – mas a explicar porque é que só agora veio dizer que é candidato. E até tinha muitas razões: quis primeiro promulgar leis que afetam as eleições, propor o Estado de Emergência e decidir sobre a sua renovação e projeção até janeiro. Como a projeção até janeiro e seus detalhes aconteceu sábado, dois dias antes do seu anúncio, só se pode supor que não foi neste dois dias que tomou a decisão – mas nesse caso teria sido escusada a pantomina de dizer uns dias antes, "a decisão é minha e de mais ninguém". Estava ainda a tomar uma decisão? Este é o candidato que antes de ser já o era. Mas este atrasar da revelação que nada revelou pareceu, até pela flagrante necessidade de autojustificação, demasiado calculista: Marcelo não foi candidato antes não porque houvesse estados de emergência a tratar ou projetar, mas porque nada ganha, politicamente, em prolongar o tempo de campanha. Podia ter poupado na representação anterior - há meses que desempenhava o papel público do candidato que há-de ser mas não diz.
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