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Manobra de evacuação nem sempre foi a mais adequada

09 de agosto de 2017 às 22:09
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A Protecção Civil concluiu que a estratégia de combate revelou-se "insuficiente" aquando do aumento do comportamento extremo do fogo

A manobra de evacuação "nem sempre foi a mais adequada" no incêndio de Pedrógão Grande e a estratégia de combate revelou-se "insuficiente" aquando do aumento do comportamento extremo do fogo, concluiu Protecção Civil.

Pedrógão Grande
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Durante a resposta às populações afectadas pelas chamas, "constatou-se que a manobra de evacuação nem sempre foi a mais adequada ou a mais recomendável", concluiu a Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC) num relatório hoje publicado no Portal do Governo, recordando que a proposta de evacuação "é da responsabilidade do comandante operacional municipal".

No entanto, "nos casos em que se aconselhava a evacuação de populações, a decisão foi tomada logo que se verificou o perigo para o aglomerado populacional", apesar de o desiderato nem sempre ter sido possível de alcançar no tempo desejável face "à dispersão de meios e ao comportamento extremo do incêndio que acabou por inviabilizar vários acessos", explica a Protecção Civil, numa resposta às perguntas do Governo sobre o incêndio de Pedrógão Grande, que causou pelo menos 64 mortos.

No documento publicado no Portal do Governo, é enaltecida a "estratégia de combate definida" pelo Comandante das Operações de Socorro, que foi "a defesa perimétrica das habitações".

Todavia, "numa fase subsequente, com o aumento do comportamento extremo do incêndio, com várias projecções em simultâneo, (...) aquela opção estratégica revelou-se insuficiente e insegura", nota a ANPC.

Apesar disso, a Protecção Civil reitera que a estratégia prosseguida no combate foi a delineada em conformidade com a Directiva Operacional Nacional, tendo sido inclusivamente antecipado o tempo do ataque ampliado.

"Pode-se concluir que se utilizou uma estratégia ofensiva e musculada desde os primeiros minutos, com a clara intenção de controlar a situação", realça, salientando também que o pedido de ajuda internacional "foi um dos mais rápidos registados até então".

No documento, é ainda vincado que as medidas de antecipação operacional face às informações meteorológicas disponibilizadas "foram sempre ajustadas e adaptadas", sendo que o próprio nível de alerta especial da Proteção Civil "estava acima do que seria expectável".

Para a ANPC, a falta de prevenção estrutural, que considera que "é pouco valorizada", foi "o fator mais determinante para justificar muito do que aconteceu" em Pedrógão Grande.

Nas respostas enviadas ao Governo, a Protecção Civil sublinha que "a eficiência e rapidez da resposta foi condicionada pela simultaneidade do número de incêndios registados" nos distritos mais próximos, bem como "pelo número e disseminação de aglomerados populacionais afetados, que obrigaram a dispersar o dispositivo", e ainda "pela velocidade de propagação extrema do incêndio e pelas dificuldades sentidas nas comunicações".

A resposta da ANPC, publicada no Portal do Governo, surge na sequência de um despacho do MAI que dá a conhecer os diversos relatórios e estudos produzidos sobre o incêndio que deflagrou em Junho, em Pedrógão Grande, distrito de Leiria, e que provocou, pelo menos, 64 mortos e mais de 200 feridos e só foi dado como extinto uma semana depois.

Mais de dois mil operacionais estiveram envolvidos no combate às chamas, que consumiram 53 mil hectares de floresta, o equivalente a cerca de 75 mil campos de futebol.

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