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Hábitos 'online' causam ansiedade a metade dos jovens, mas pais não o reconhecem

Lusa 02 de março de 2023 às 14:47
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No estudo, a Deco Proteste explica que, na saúde física e na qualidade de vida, a diferença é menor, apontando que "as raparigas aparentam viver piores condições, nas dimensões referidas, do que os rapazes".

Quase metade dos adolescentes portugueses admitem sofrer de ansiedade devido aos seus hábitos 'online', mas apenas 17% dos pais o reconhecem, revela hoje uma análise da revista Deco Proteste.

Ute Grabowsky/Photothek via Getty Images

"Há uma discrepância muito grande entre aquilo que são os sintomas que os jovens sentem pela sua atividade" e as "respostas dos progenitores", realçou à Lusa Marta Mesquita, porta-voz da revista da associação de consumidores.

A Deco Proteste enviou um questionário 'online' a mais de 1.400 pessoas entre maio e julho de 2022, obtendo 937 respostas válidas relativamente ao universo dos pais.

"Nós enviámos dois questionários. O inquérito para os adolescentes enviámos em setembro e outubro de 2022. Tivemos uma validação de 487 respostas", disse Marta Mesquita.

Segundo a porta-voz da Deco Proteste, o teste foi também desenvolvido na Bélgica, Itália e Espanha.

"Quando questionados, 65% dos adolescentes reconhecem sofrer, pelo menos, de um problema causado, parcialmente, pelos hábitos 'online'", sustenta o estudo.

Além da disparidade verificada na ansiedade, 34% dos jovens também já reconheceu mudanças de humor, contudo só 18% dos pais as identificaram.

"Globalmente, os pais atribuem 8,4 pontos em 10, à saúde mental dos descendentes, mas estes ficam-se pelos 6,8 pontos", sublinha.

No estudo, a Deco Proteste explica que, na saúde física e na qualidade de vida, a diferença é menor, apontando que "as raparigas aparentam viver piores condições, nas dimensões referidas, do que os rapazes".

Também sustenta que a grande maioria dos jovens acede à Internet através do telemóvel, "um em quatro não tem computador para qualquer atividade 'online' e 11% nem possuem um dispositivo partilhado".

"No tempo que os jovens despendem mergulhados no mundo virtual, não existem grandes diferenças entre a visão dos pais e a dos filhos: de ambos os lados, estimam a mesma duração de segunda a sexta e aos fins de semana: em média, respetivamente, 02:47 e 03:40 [horas]", refere.

Em relação ao tempo passado 'online' e àquele que é gasto nos estudos, a diferença é de apenas de 10%.

"A Internet é a fachada conhecida para outros exercícios que não escolares. Embora haja uma margem de crédito da parte dos pais, a diferença é superior a 10% entre o tempo que pensam que os filhos consagram aos estudos e aquele que realmente passam a fazê-lo: 88% contra 75%, respetivamente", indica.

"Se os rapazes usam a internet sobretudo para jogar em grupo, as raparigas preferem-na para fazer compras. Os jovens também visitam mais 'sites' para adultos", frisa.

De acordo com a análise, a maioria dos adolescentes usa cerca de quatro redes sociais, mas a "consciência desse número só atinge cerca de um terço dos pais, contra mais de metade dos jovens".

"O que se julga conhecer sobre as redes visitadas é dissemelhante em 30%, no caso, por exemplo, da Discord. Com a mesma percentagem de "desafinação", a presença no Facebook é sobrevalorizada pelos pais, uma vez que os jovens, na realidade, migraram para outras redes. A média diária de permanência nas redes sociais supera as duas horas para 61% dos adolescentes", anota.

Relativamente a mensagens eróticas via telemóvel -- sexting, abreviação de sex e texting --, 48% dos progenitores "pais afirmam ter abordado o assunto, enquanto só 27% dos adolescentes confirmaram essa conversa".

"Face ao tempo passado online, e que, de acordo com 40% dos adolescentes, aumentou durante a pandemia, não admirará a exposição a tais perigos", sublinha.

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