Nuno Mascarenhas justificou a viagem a França a convite da Galp para ver um jogo da selecção de Portugal no Euro com as "boas relações institucionais existentes com o responsável" da refinaria da empresa
O presidente da Câmara Municipal de Sines, Nuno Mascarenhas, justificou a viagem a França a convite da Galp para ver um jogo da selecção de Portugal no Campeonato da Europa de futebol com as "boas relações institucionais existentes com o responsável" da refinaria da empresa instalada no concelho, assegurando estar de "consciência tranquila".
"Este convite foi aceite a título particular, mas também enquanto representante deste município, na sequência das boas relações institucionais existentes com o responsável daquela unidade, que gera significativa riqueza e postos de trabalho no concelho", justifica o autarca, Nuno Mascarenhas, numa nota enviada à agência Lusa esta quinta-feira.
No mesmo documento, Nuno Mascarenhas assegura que mantém "o empenho, a independência e a imparcialidade com que sempre tem defendido os interesses da população de Sines" e que está "de consciência tranquila". O autarca defende-se ainda argumentando que "a polémica gerada sobre esta questão surge no seio do combate político nacional, a que o município de Sines e os seus representantes são alheios".
Também a Câmara de Santiago do Cacém justificou, na quarta-feira, a viagem do presidente do município a Lyon, em França, para o jogo contra a Hungria com as "relações institucionais" que a autarquia mantém com a empresa.
Com muitos dos trabalhadores da refinaria da Galp, instalada no complexo industrial de Sines a residir no concelho de Santiago do Cacém, a autarquia assina anualmente protocolos com a empresa, que visam "apoios anuais a grupos desportivos e culturais".
"Não existe, contudo, nenhuma dependência de ordem financeira, económica, ou qualquer outra, que ponha em causa a isenção da Câmara Municipal de Santiago do Cacém em relação à empresa Galp Energia", pode ler-se no comunicado enviado pelo município à agência Lusa.
Segundo o Observador, os dois autarcas voaram no mesmo voo que levou o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Fernando Rocha Andrade. A presença do governante em França para assistir a jogos de Portugal foi revelada pela SÁBADO na edição que chegou às bancas no dia 4 de Agostoe gerou uma onda de indignação que levou os partidos da oposição a pedir a saída do secretário de Estado. Tudo porque o "governante tem sob a sua tutela a resolução de um conflito fiscal milionário que opõe o Estado português à Galp desde que a empresa, ainda na vigência do anterior Governo, se recusou a pagar dois impostos que em conjunto superam largamente os 100 milhões de euros em dívida", explicou a SÁBADO.
De acordo com a edição da SÁBADO que chegou às bancas esta quinta-feira, 10 de Agosto, o primeiro-ministro, António Costa, recusou deixar cair o amigo e ter-lhe-á sugerido que fizesse a devolução do montante despendido pela Galp com a viagem a França.
Além de Rocha Andrade, houve mais dois membros do Governo a aceitar assistir aos jogos de Portugal a convite da Galp: o secretário de Estado da Internacionalização, Jorge Costa Oliveira, o secretário de Estado da Indústria, João Vasconcelos. Todos asseguraram que estão dispostos a pagar as viagens, bem como todas as despesas adicionais.
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