Segundo o Ministério Público o ex-administrador Lalanda e Castro montou um esquema de corrupção para a venda de plasma ao SNS para seu próprio interesse.
O Ministério Público deixou a farmacêutica Octapharma fora da acusação da operação "O Negativo" por considerar que o ex-administrador Lalanda e Castro montou um esquema de corrupção para a venda de plasma ao SNS para seu próprio interesse. Um esquema de corrupção para a venda de derivados de plasma humano, entre 1998 e 2013, gerou elevados lucros à farmacêutica Octapharma e ao seu administrador Lalanda e Castro e culminou na acusação de seis pessoas e uma empresa por parte do Ministério Público (MP).
Contudo, no despacho de acusação a que a agência Lusa teve acesso, a procuradora Ana Paula Vitorino refere que a multinacional Octapharma fica de fora do processo porque a investigação entende que Lalanda e Castro atuou sempre em função do seu próprio interesse e ambição de negócio, isto é, quanto mais produtos da farmacêutica vendesse em Portugal, mais elevadas seriam as suas comissões e bónus, que recebia através da sua 'offshore' Ruby Capital Corporational, o que aconteceu até 2013.
Para o MP, o empresário Paulo Lalanda e Castro, ex-administrador da Octapharma até 2016, construiu, ao longo de vários anos, uma rede de influências através de relações pessoais e familiares, nomeadamente com os restantes acusados do processo, para obter benefícios financeiros próprios.
O médico Luís Cunha Ribeiro, ex-presidente do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) e da Administração Regional de Saúde (ARS) de Lisboa e Vale do Tejo, acusado de corrupção passiva e de mais outros 10 ilícitos foi membro da Comissão de Análise de Propostas dos Concursos Públicos 19/98 e 9/2000, para fornecimento de Plasma Humano Inativo (PHI) e hemoderivados e, segundo o MP, terá sido corrompido com um apartamento pago pela empresa de Lalanda e Castro, a Convida - investimentos imobiliários e Turísticos.
A acusação lembra ainda que Cunha Ribeiro aceitou, entre 1998 e 2003, fez parte da Comissão Técnica do Medicamento do Infarmed e sabia que poderia vir a emitir pareceres médicos cruciais para a obtenção da AIM (Autorização de Introdução no Mercado) de mais de 10 produtos da Octapharma. A farmacêutica Elsa Morgado, amiga e sócia de Lalanda e Castro também integrou o júri dos dois concursos públicos como representante da Associação Portuguesa de Hemofílicos.
Já Manuela Carvalho, médica imuno-hemoterapeuta, trabalhou com Cunha Ribeiro no hospital de S. João e substituiu-o como júri de concurso após este ter sido nomeado presidente do INEM (de 2003 a 2008) e foi apresentada por este a Lalanda de Castro. A médica participou em estudos clínicos e várias cerimónias e congressos patrocinados pela farmacêutica e viajou várias vezes, dentro e fora de Portugal, a expensas da multinacional.
Porém, associado ao esquema montado por Lalanda e Castro, para que a sua empresa ganhasse os dois concursos de fornecimento de plasma e derivados de sangue para os hospitais públicos, a morosidade do concurso 9/2000, permitiu que a Octapharma alargasse o número de adjudicações mantendo-se como a maior fornecedora de hemoderivados no mercado português durante vários anos, segundo o MP.
A operação culminou na acusação de Luís Cunha Ribeiro, Manuela Carvalho, do advogado Paulo Farinha Alves e da farmacêutica Elsa Morgado, e Helena Lalanda e Castro por corrupção, abuso de poder e branqueamento. Este processo iniciou-se em 2015 e durante vários anos investigou os negócios de venda de derivados de sangue, tendo concluído que a Octapharma deteve o monopólio da venda em Portugal, devido à intervenção de Lalanda e Castro.
Farmacêutica Octapharma fora do esquema fraudulento de Lalanda e Castro
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui ,
para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana. Boas leituras!
Para poder adicionar esta notícia aos seus favoritos deverá efectuar login.
Caso não esteja registado no site da Sábado, efectue o seu registo gratuito.
Quando tratados como a Carta das Nações Unidas, as Convenções de Genebra ou a Convenção do Genocídio deixam de ser respeitados por atores centrais da comunidade internacional, abre-se a porta a uma perigosa normalização da violação da lei em cenários de conflito.
Governo perdeu tempo a inventar uma alternativa à situação de calamidade, prevista na Lei de Bases da Proteção Civil. Nos apoios à agricultura, impôs um limite de 10 mil euros que, não só é escasso, como é inferior ao que anteriores Governos PS aprovaram. Veremos como é feita a estabilização de solos.
"O cachecol é uma herança de família," contrapôs a advogada de Beatriz. "Quando o casamento terminou, os objetos sentimentais da família Sousa deveriam ter regressado à família."