Íris Redol contou que foi trabalhar para o teatro lisboeta em março por indicação de uma amiga que tinha trabalhado no Maria Vitória nessas mesmas funções e que ela iria substituir.
Uma mulher acusou o dono do Teatro Maria Vitória (Lisboa) de transfobia, ao tê-la despedido pelo único motivo de ser uma pessoa trans, acusações que Helder Costa negou, mas que um elemento da produção corroborou.
Teatro Maria Matos Mariline Alves / Correio da Manhã
Em declarações à agência Lusa, Íris Redol, 26 anos, contou que foi trabalhar para o teatro lisboeta em 26 de março deste ano, como assistente de camarim, por indicação de uma amiga que tinha trabalhado no Maria Vitória nessas mesmas funções e que ela iria substituir.
"Ela sabia que eu tirei o curso de moda e [como assistente de camarim] é um trabalho que às vezes é preciso fazer arranjos de costura, coisas básicas, bainhas, etc, coisas assim, ela chamou-me, perguntou-me se eu estava interessada e eu disse-lhe que sim", recordou.
Segundo Íris, a amiga levou-a ao teatro, explicou-lhe que funções iria desempenhar e que rotinas teria de cumprir e, a partir de finais de março, Íris começou a trabalhar de forma autónoma. O que só aconteceu durante três dias.
"Eu trabalhei sexta, sábado e domingo. Na última sessão, eu estava a fazer o meu trabalho e fui ao camarim do [ator] Paulo Vasco ajudá-lo a trocar de roupa e estava lá o senhor Hélder Costa", contou.
Disse que apesar de saber que Helder Costa é o dono do Maria Vitória, nunca tinham sido apresentados formalmente e que dois dias depois deste encontro recebe um telefonema em que a informavam que o teatro dispensava o seu trabalho.
"Hélder Costa não aceitava que eu era uma mulher, [disse] que não me iria tratar pelo meu nome e que não me queria a trabalhar ali", relatou Íris, contando o que ouviu do outro lado do telefone.
Contactado pela agência Lusa, o dono do teatro Maria Vitória negou as acusações e disse não querer ver o seu nome "misturado em tricas", apontando que Íris não trabalhava no teatro.
Segundo Helder Costa, a decisão de dispensar Íris teve a ver com o facto de não ter tido conhecimento da sua contratação e de qualquer contratação ter de ter a sua autorização. Disse desconhecer quem tenha dado autorização para que Íris Redol começasse a trabalhar no teatro.
Recusou liminarmente que a sua decisão tenha tido a ver com o facto de Íris ser uma mulher trans. No entanto, um elemento da produção com quem a Lusa falou, mas que pediu anonimato, garantiu que esse foi o motivo do despedimento.
Na conversa com a Lusa, Íris Redol disse estar a ponderar apresentar queixa e a informar-se de tudo o que será necessário para o fazer.
Em relação à discriminação de que disse ter sido alvo, revelou que foi a primeira vez em que lhe aconteceu terem sido tão honestos no preconceito.
"Normalmente inventam só uma desculpa qualquer. Foi a primeira vez que me disseram que de facto é por isto que vais embora", disse.
Acrescentou que entretanto, e para lidar com a situação, faz terapia e tenta "viver um dia de cada vez".
Dono do Teatro Maria Vitória acusado de despedir mulher por ser trans
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui ,
para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana. Boas leituras!
Para poder adicionar esta notícia aos seus favoritos deverá efectuar login.
Caso não esteja registado no site da Sábado, efectue o seu registo gratuito.
O humor deve ser provocador, desafiar convenções e questionar poderes. É um pilar saudável da liberdade de expressão. Mas quando deixa de ser crítica legítima e se transforma num ataque reiterado e desproporcional, com efeitos concretos e duradouros na vida das pessoas, deixa de ser humor.
Trazemos-lhe um guia para aproveitar o melhor do Alentejo litoral. E ainda: um negócio fraudulento com vistos gold que envolveu 10 milhões de euros e uma entrevista ao filósofo José Gil.