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Dificuldades do IPO Lisboa em contratar atingiu proporções preocupantes

18 de março de 2018 às 08:25
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Entre as situações mais graves, o administrador do IPO de Lisboa, Francisco Ramos, refere a saída de 15 enfermeiros desde o início do ano, sem que tenha sido desbloqueada a sua substituição.

A falta de autonomia do Instituto Português de Oncologia (IPO) de Lisboa para contratar profissionais atingiu proporções preocupantes desde o início do ano, altura em que saíram 15 enfermeiros, que não foram substituídos, segundo o administrador da instituição.

"Estamos parados em termos de contratação, o que começa a causar algumas situações muito, muito, muito complicadas que se tentam resolver com solicitações e justificações específicas aos gabinetes ministeriais, na esperança de que as coisas venham a melhorar a curto prazo", disse Francisco Ramos, em entrevista à agência Lusa.

Entre as situações mais graves, o administrador deste IPO refere a saída de 15 enfermeiros desde o início do ano, sem que tenha sido desbloqueada a sua substituição, centralizada nos ministérios da Saúde e das Finanças. "Espero que as coisas melhorem rapidamente. Esta altura é a mais angustiante", adiantou, recordando que as dificuldades não são de hoje, mas que se agudizaram desde a entrada em vigor do Orçamento do Estado para este ano.

Se a situação até final do ano passado era de "ausência de autonomia", na prática as contratações iam chegando. "No fundo, a máquina já estava oleada e funcionava e as autorizações lá iam chegando de forma mais ou menos rápida". "Em 2018, desde a entrada do Orçamento do Estado, essa máquina foi desactivada e não foi substituída por coisa nenhuma e, portanto, estamos parados em termos de contratação", adiantou.

No caso dos enfermeiros que saíram desde o início do ano, um número que Francisco Ramos reconhece ser "um pouco mais alto que o habitual", o que deveria acontecer é a sua substituição, "o que não está a ser possível". "A minha esperança é que isto volte a ser possível quando sair o famoso decreto lei de execução orçamental e volte a ser instituído o mecanismo burocrático para que isto volte a funcionar", referiu.

Para Francisco Ramos, "a angústia maior é não conseguir resolver uma situação pontual e ficar preso nesta imensa teia burocrática que nos últimos três meses não dá saída a coisa nenhuma".

O administrador, que está prestes a iniciar o terceiro mandato à frente deste IPO, sublinha "a facilidade com que se consegue gastar centenas de milhares de euros com um determinado medicamento - o recorde vai em meio milhão de euros num medicamento para um doente durante um ano - e a dificuldade que é gastar 10 mil euros a contratar um assistente operacional que é indispensável para ter a funcionar os cuidados intensivos, o bloco operatório e a unidade de transplantes. "Isto custa muito a perceber para quem está à frente de um hospital público", disse.

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