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Dez anos depois, o que fica da era de Marcelo?

Bruno Faria Lopes
Bruno Faria Lopes 29 de dezembro de 2025 às 23:00

O Presidente "da rua" deixa um cenário político oposto ao que encontrou em Belém em 2016. A ideia de que foi muito interventivo - sobretudo por causa das suas três dissoluções da Assembleia da República - pode ser mais mito do que realidade.

Quando, no fim de maio de 2016, Marcelo Rebelo de Sousa fez a primeira visita oficial à Alemanha, a então chanceler Angela Merkel queria saber uma coisa junto do recém-eleito Presidente da República português: o governo apoiado pela esquerda radical iria causar o descontrolo das contas públicas? O que ia ele, o Presidente, fazer? Com o resgate da troika ainda fresco, este era o mundo político português e europeu no início da era Marcelo, que está agora na reta final. “Era um outro mundo, em 10 anos as coisas mudaram muito”, admite uma fonte de Belém. Uma parte dessa mudança, na perspetiva da Presidência, veio de fora: “[Donald] Trump corporizou uma liderança iliberal à margem das estruturas clássicas, mudou o mundo.” Mas, qual foi o papel do Presidente?

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