Sábado – Pense por si

Desemprego entre pessoas com deficiência aumentou 24% em seis anos

Relatório revela que as pessoas com deficiência grave são as que registam as menores taxas de emprego em Portugal, que se situa nos 35,6%, contra os 73,2% entre as pessoas sem deficiência.

O desemprego entre as pessoas com deficiência aumentou 24% entre 2011 e 2017, ao contrário da tendência entre a população em geral, sendo que, no ano passado, apenas 11% dos deficientes registados em centro de emprego ficaram empregados.

Os dados constam do mais recente relatório "Pessoas com Deficiência em Portugal - Indicadores de Direitos Humanos 2018", da autoria do Observatório da Deficiência e Direitos Humanos (ODDH), e revelam que em 2017 havia 12.911 pessoas com deficiência inscritas nos centros de emprego.

Este número representa um aumento de 24% face a 2011, quando estavam inscritas 10.408 pessoas.

De acordo com os dados do relatório, "entre 2011 e 2017, a tendência foi quase sempre de agravamento, com excepção de dois anos: 2014 (uma queda de 457 inscritos face a 2013) e 2017 (uma queda de 272 inscritos face a 2016)".

O documento destaca que estes dados contrastam com "a queda acentuada do desemprego registado na população em geral", que baixou 34,5% entre 2011 e 2017 e 19,3% entre 2016 e 2017 e acrescenta que, apesar do número de pessoas colocadas através do Instituto de Emprego e Formação Profissional ter aumentado 159% entre 2011 e 2017, apenas 11% das pessoas com deficiência registadas foram colocadas no último ano.

O relatório revela que as pessoas com deficiência grave são as que registam as menores taxas de emprego em Portugal, que se situa nos 35,6%, contra os 73,2% entre as pessoas sem deficiência.

"Em 2017, a maioria das pessoas com deficiência registadas como desempregadas tinham mais de 25 anos (86,6%), procuravam um novo emprego (81,6%) e encontravam-se desempregadas há mais de um ano (60,4%)", lê-se no relatório.

Por outro lado, e em relação a 2016, as pessoas com deficiência representavam apenas 0,51% dos recursos humanos das empresas com mais de 10 trabalhadores, sendo que 71% destas pessoas tinham um grau de incapacidade moderado.

Na administração pública, o rácio de trabalhadores com deficiência chegou aos 2,42% em 2017.

O Observatório da Deficiência e Direitos Humanos alerta que o risco de pobreza ou exclusão social em Portugal é mais elevado entre as pessoas com deficiência do que entre as que não têm uma incapacidade e que o fosso no risco de pobreza entre a população com e sem deficiência "é mais elevado em Portugal do que na média da União Europeia".

"O maior risco de pobreza ou exclusão social é experienciado em agregados com pessoas com deficiências graves", onde atinge os 36,7%, mais 15,3 pontos percentuais do que nos agregados sem pessoas com deficiência e mais 6,4 pontos percentuais do que nos agregados com pessoas com deficiências moderadas.

Em matéria de educação, o Observatório destaca dois indicadores, o primeiro dos quais relativo ao número de alunos com necessidades educativas especiais registado no ensino secundário entre os anos lectivos 2016/2017 e 2017/2018, que sentiu o maior aumento (15%).

Por outro lado, relativamente aos alunos inscritos no ensino superior, houve mais 28% de inscrições no ano lectivo 2017/2018, com 181 estudantes que entraram nas universidades através do contingente especial.

Em relação às instituições de ensino superior, o relatório refere que apenas cerca de metade prevê adaptações e recursos de apoio a estudantes com deficiência, como edifícios acessíveis (56%), regulamentos específicos (56%), páginas de Internet acessíveis (52%) e serviços de apoio (46%).

Estes e outros dados vão ser publicamente apresentados e discutidos hoje no III Encontro ODDH -- Deficiência, Trabalho Digno e Cidadania, em Lisboa.

Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Bons costumes

Um Nobel de espinhos

Seria bom que Maria Corina – à frente de uma coligação heteróclita que tenta derrubar o regime instaurado por Nicolás Maduro, em 1999, e herdado por Nicolás Maduro em 2013 – tivesse melhor sorte do que outras premiadas com o Nobel da Paz.

Justa Causa

Gaza, o comboio e o vazio existencial

“S” sentiu que aquele era o instante de glória que esperava. Subiu a uma carruagem, ergueu os braços em triunfo e, no segundo seguinte, o choque elétrico atravessou-lhe o corpo. Os camaradas de protesto, os mesmos que minutos antes gritavam palavras de ordem sobre solidariedade e justiça, recuaram. Uns fugiram, outros filmaram.

Gentalha

Um bando de provocadores que nunca se preocuparam com as vítimas do 7 de Outubro, e não gostam de ser chamados de Hamas. Ai que não somos, ui isto e aquilo, não somos terroristas, não somos maus, somos bonzinhos. Venha a bondade.