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Crónica: A tarde em que ninguém falou de Negrão

Maria Henrique Espada
Maria Henrique Espada 28 de fevereiro de 2018 às 19:00

Foi a estreia, e no plenário nem correu mal. Mas o líder não passou no teste dos corredores: os deputados fugiram a comentar o debate. Não tinham nada de bom a dizer?

As câmaras de televisão estiveram toda a tarde apontadas ao corredor do PSD no Parlamento. Deputados passavam, entravam e saíam, e nada. Nenhuma declaração a tarde toda. Nada a dizer. Nada a comentar. Apenas figuras fugidias a cumprir a máxima "se não tens nada de bom a dizer, cala-te". A medida deste silêncio ilustra o incómodo, ou o mal-estar, ou que se lhe quiser chamar, da bancada do PSD com o seu novo líder. Negrão já venceu - apesar da votação embaraçosa é o líder parlamentar de facto e contra isso nada a fazer, "habituem-se" - mas não convenceu, ou alguém teria uma palavra simpática, ou simplesmente neutra, a dizer. Neutra, porque na verdade a normalidade só regressará à bancada quando for natural que os deputados comentem cá fora o decurso do debate, o que disse Costa, o que fez a Geringonça e o mais que quiserem. Os políticos não gostam de falar? Os deputados não gostam de aparecer? Nada dizer é mostrar que as questões internas ainda estão por assentar - e não permitem essa normalidade da vida de oposição que é, tão só, comentar no corredor, frente a uma câmara e dando a cara, o debate quinzenal com o primeiro-ministro. O silêncio é oposto e a negação da política. Negrão ficou hoje a fazer política sozinho e vai precisar de companhia.

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