Sábado – Pense por si

Infarmed. Portugal ultrapassa linhas vermelhas dentro de duas semanas

Peritos alertam que a incidência da pandemia no país é a mais alta das últimas três semanas e o R(t) é já de 1,08 em todo o país. Limite de 120 casos por 100 mil habitantes pode ser ultrapassado dentro de "duas semanas a um mês". Vacinação já terá evitado "cerca de 140 óbitos".

Especialistas epidemiológicos e responsáveis políticos voltam esta terça-feira a reunir-se no Infarmed para discutir a situação da pandemia em Portugal, numa semana em que o Governo avalia uma nova fase de desconfinamento, mas pondera um travão no desconfinamento em concelhos que verificaram ter uma incidência de covid-19 acima do limite.

Reunião Infarmed António Costa e Marcelo Rebelo de sousa
Reunião Infarmed António Costa e Marcelo Rebelo de sousa Lusa

Com início marcado para as 10h, a primeira parte das apresentações será expositiva e aberta ao público, em que serão divulgadas infirmações sobre a crise de saúde pública em Portugal, e os respetivos indicadores epidemiológicos. Na segunda parte, à porta fechada, o Governo discute esses mesmos dados com os peritos que os apresentaram.

Para a próxima semana pode estar um travão no desconfinamento em municípios que ultrapassem em duas avaliações quinzenais seguidas, o limite de 120 casos por 100 mil habitantes, definido pelo Governo.

Ao Minuto Atualizado 13 abr 2021
13 abr 2021 13 de abril de 2021 às 13:40

Marta Temido sobre coágulos com vacina da Johnson: "É necessário confiar nas entidades reguladoras"

Sobre a vacina da Johnson & Johnson, que foi suspensa nos EUA devido ao registo de formação rara de coágulos no sangue e cuja distribuição em Portugal se inicia esta semana, Marta Temido indicou que, para já, é cedo tomar decisões.

"A vacina não foi ainda iniciada no território da União Europeia. Os efeitos adversos estão descritos, mas o balanço entre riscos e benefícios têm de ser considerados com aquilo que representa de vantagens face a eventuais riscos", explicou.

Para Marta Temido, é necessário "confiar nas entidades reguladoras para continuarem a identificar casos e a comunicarem-nos com transparência".

Nos EUA foram registados seis casos de coágulos no sangue em quase 7 milhões de vacinas administradas. Todas eram mulheres entre os 18 e 48 anos: uma morreu e outra está internada em estado grave.

A União Europeia, que aprovou a vacina no mês de março, começou a sua distribuição esta segunda-feira e Portugal tem prevista a chegada das primeiras 30 mil doses para esta quarta-feira de um total de 4,5 milhões de vacinas de dose única compradas.

13 abr 2021 13 de abril de 2021 às 13:26
autor Diogo Camilo

Marta Temido; "Situação alterou-se nos últimos 15 dias", mas incidência é ainda "moderada"

À saída da reunião do Infarmed e em conferência de imprensa, a ministra da Saúde relembrou o que foi dito por peritos e reconheceu que a situação da pandemia no país "alterou-se nos últimos 15 dias", mas que a incidência da covid-19 é ainda "moderada".

Segundo especialistas, ao ritmo atual, a incidência de 120 casos por 100 mil habitantes será ultrapassada dentro de "duas a quatro semanas", enquanto o patamar de 240 casos por 100 mil habitantes será ultrapassado dentro de "um a dois meses".

"Estes períodos para atingir estes números dependem do risco de crescimento se manter constante, uma vez que um ritmo inferior ou superior levará a calendários mais alargados ou reduzidos", apontou Marta Temido.

Segue-se agora uma discussão entre Presidente da República, partidos e Governo sobre quais serão as melhores medidas para fazer frente à pandemia. Marta Temido acredita que serão "as melhores decisões".

13 abr 2021 13 de abril de 2021 às 12:24

Covid-19. População mais vulnerável estará vacinada até ao início de junho

A segunda fase do plano de vacinação contra a covid-19 já arrancou, com 400 mil pessoas vacinadas na faixa etária entre os 65 e 80 anos. O objetivo, aponta Gouveia e Melo, é vacinar a população mais vulnerável "até à última semana de maio ou primeira de junho".

O coordenador do plano de vacinação lembra que "quando vacinarmos toda a população acima dos 60 anos, estamos a proteger 96,4% das pessoas que faleceram" devido à pandemia.

Gouveia e Melo apontou ainda que Portugal vai vacinar 70% da população com pelo menos uma dose entre julho e agosto.

13 abr 2021 13 de abril de 2021 às 11:58
autor Diogo Camilo

Gouveia e Melo prevê média de 97 mil vacinas administradas por dia

Por último, fala agora o almirante Gouveia e Melo, coordenador do plano de vacinação contra a covid-19, que refere que em abril estarão disponíveis 1,9 milhões de vacinas para Portugal, o que fará com que, neste trimestre, o país atinja uma média de administração de vacinas de 97 mil doses por dia. 

O coordenador da task-force aponta que está a ser ponderada uma junção das fases dois e três da vacinação, graças à "disponibilidade de vacinas para fazer uma nova estratégia".

Gouveia e Melo recordou ainda que os docentes e não-docentes que ainda não foram vacinados, devido à suspensão da vacina da AstraZeneca para menores de 60 anos, receberão a vacina no próximo fim de semana.

O coordenador explicou ainda a dificuldade da transição entre fases, sendo difícil encontrar pessoas quando se atinge 85% de um grupo. A partir da segunda fase, e garantindo uma maior "fluidez" no processo, 90% das vacinas vão ser administradas por grupo etário e as outras 10% serão distribuídas tendo em conta doenças que não estão relacionadas com a idade.

Até ao momento, Portugal já recebeu 2,6 milhões de doses da vacina contra a covid-19, das quais 2,1 milhões já foram administradas - 1,5 milhões referentes a primeiras doses e 600 mil a segundas doses. Ao todo, mais de 15% da população portuguesa já recebeu a primeira dose e mais de 6% já completou a vacinação.

13 abr 2021 13 de abril de 2021 às 11:55
autor Diogo Camilo

Cerco vacinal deixa crianças mais suscetíveis à circulação do vírus

Sobre as escolas fala agora Henrique de Barros, do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, que aponta que estas são "estruturas de vigilância" da pandemia, uma vez que, a partir de março, foi nos grupos etários mais jovens que a incidência aumentou. 

"O cerco vacinal que está a vir dos mais velhos para os mais novos, deixa estes idades como as suscetíveis para a circulação do vírus", refere o especialista. 

Henrique Barros aponta ainda um estudo serológico feito em duas escolas, de Santa Maria da Feira e Paredes, com 1129 estudantes e 210 profissionais. "A ocorrência dos picos de infeção foi diferente ao longo do tempo nos diferentes concelhos", sublinha, mas não se deve generalizar.

"Os estudantes e os profissionais das escolas que viveram ao longo deste tempo no mesmo espaço geográfico apresentam a mesma proporção de marcadores de história de infeção", explica.

13 abr 2021 13 de abril de 2021 às 11:50

Portugueses estão cada vez mais saturados das máscaras e 7,5% esteve em ajuntamentos

Os portugueses estão cada vez mais saturados de máscaras, teletrabalho e de não poderem estar com familiares e amigos. Segundo os dados apresentados por Carla Nunes, da Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade Nova de Lisboa, existe uma "alteração significativa" da opinião dos portugueses quanto a máscaras, com 14,5% a considerarem "muito difícil" a utilização desta proteção. No último estudo, a percentagem era de 7,5%.

O teletrabalho, o ter de ficar em casa e não poder estar com familiares ou amigos são outros dos indicadores que são cada vez mais complicados para os portugueses, aponta Carla Nunes.

Um em cada quatro pessoas sente-se agitada pelo distanciamento social e ajuntamentos subiram de 4,9% das respostas positivas em inquérito para 7,5% que "dizem que estiveram num grupo com dez ou mais pessoas".

Os portugueses continuam também a demonstrar "pouca confiança nos serviços de saúde", com 51,7% a desmonstrarem desconfiança no SNS.

Já sobre a vacinação, 82,2% dos portugueses diz que pretende tomar a vacina contra a covid-19, enquanto 10,2% ainda não decidiu e 7,8% pretendem não tomar, um aumento face ao último inquérito.

13 abr 2021 13 de abril de 2021 às 11:40

Alentejo e Algarve foram "áreas críticas" nas últimas semanas

Carla Nunes, da Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade Nova de Lisboa, aponta agora que as áreas de Lisboa, Porto e o Grande Alentejo foram as que consentiram mais a doença, apresentando sempre um concelho que se destaca pelo seu "comportamento anómalo".

Em relação às últimas semanas, a especialista refere que Moura e Vila Franca de Xira são dois dos casos mais graves do país, enquanto que o Alentejo e o Algarve representam áreas críticas do país na resposta à pandemia.

Carla Nunes afirma que é necessária uma maior atenção sobre os concelhos mais afetados pela doença, de forma a prevenir a propagação em todo o país: "O ganho que se obtém dos clusters traduzem-se numa maior segurança e precisão", negando uma ligação "entre níveis de incidência e a densidade populacional".

13 abr 2021 13 de abril de 2021 às 11:33
autor Diogo Camilo

Especialista propõe "incidência vizinha" para não prejudicar concelhos mais pequenos

O especialista da Administração Regional de Saúde do Norte e Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, Óscar Felgueiras, fala agora sobre "indicadores de risco local", apontando problemas sobre considerar as incidência por concelhos como "indicador único" e propondo uma solução.

"Um dos problemas da consideração da incidência concelhia como indicador único é, por vezes, haver pequenos concelhos onde um número de casos não muito grande é suficiente para ter a incidência muito alta", dando o exemplo de Vimioso, que está na lista de concelhos em risco mas tem apenas cerca de 4 mil habitantes e só precisa de registar cinco casos para ultrapassar o limite de 120 casos por 100 mil habitantes.

Mas os quatro concelhos na vizinhança de Vimioso registaram 36 casos para 67 mil habitantes. Óscar Felgueiras aponta que, se considerarmos a região por inteiro, a incidência seria de 53, significativamente abaixo da localizada em Vimioso.

O especialista aponta, no entanto, que o indicador "incidência vizinha do concelho pode suavizar o nível de risco, sendo por isso importante combinar o sistema atual e este novo indicador.

13 abr 2021 13 de abril de 2021 às 11:09
autor Diogo Camilo

Variante britânica representou 83% dos casos em março

Fala agora João Paulo Gomes, investigador do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, para dar conta das atualizações sobre variantes genéticas do novo coronavírus em Portugal.

Em março, diz, a variante do britânica representou 83% dos casos de covid-19 no país, com todas as regiões a apresentarem uma dominância desta variante, com exceção para o Norte, onde a variante do Reino Unido "está menos representada".

Além da variante britânica, também a variante sul-africana registou um "crescimento significativo", com 53 casos confirmados. Apesar deste número ser baixo comparado com outros países europeus, o especialista teme que estes casos provenientes de África do Sul "podem ser apenas a ponta do icebergue", antevendo que já circulem em Portugal mais de 200 casos.

Sobre a variante de Manaus, no Brasil, há uma diminuição do número de casos.

13 abr 2021 13 de abril de 2021 às 11:00
autor Diogo Camilo

Vacinação já terá evitado "cerca de 140 óbitos" em Portugal

Baltazar Nunes, responsável pela Unidade de Investigação Epidemiológica do Instituto Ricardo Jorge, indicou também que a vacinação contra a covid-19 já terá prevenido 140 mortes entre idosos com 80 ou mais anos

O epidemiologista apontou que a incidência entre maiores de 80 anos diminuiu após a vacinação deste grupo, ressalvando que estes dados foram obtidos a partir da modelação matemática e não com base na observação, tendo sido aplicado dois cenários: um com vacinação e outro sem vacinação.

Caso o R estivesse como no início de abril, perto dos 0.7, a vacinação tera prevenido "cerca de 78 óbitos", mas o aumento do índice de transmissibilidade faz com que a estimativa seja já de 140, em comparação com o cenário em que não há vacinação. 

O especialista avançou ainda que Portugal tem um nível de incidência da pandemia "muito mais baixo do que os outros países na Europa", embora o seu R esteja a aumentar. Baltazar Nunes referiu ainda que o país tem hoje menos medidas de restrição do que muitos outros países e que existe um aumento do numero de contactos, mas este é ainda é inferior ao do período do Natal.

13 abr 2021 13 de abril de 2021 às 10:44
autor Diogo Camilo

R da Covid-19 já está em 1,08. Limite de incidência pode ser ultrapassado em duas semanas

Fala agora Baltazar Nunes, epidemiologista do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, que alerta para um "aumento sistemático" da transmissibilidade do vírus da covid-19.

Os dados mais recentes de 8 de abril colocam o R(t) a 1.09 em Portugal, quando era de 0.89 na última reunião no Infarmed - uma subida de três décimas, depois do indicador tem atingido o seu valor mais baixo no início de fevereiro.

"O valor do Rt para a média dos últimos cinco dias corresponde a 1,05", aponta. Ainda assim, o especialista refere que o tempo que poderá demorar até Portugal chegar aos 120 casos por 100 mil habitantes, o limite de incidência definido pelo Governo, está "entre duas semanas a um mês".

13 abr 2021 13 de abril de 2021 às 10:34
autor Diogo Camilo

Covid-19. Taxa de positividade é inferior a 4%

Sobre a testagem à covid-19, André Peralta Santos aponta que existiu uma "intensificação da testagem", que segue um padrão em que "concelhos com maior incidência têm maior testagem".

Ao mesmo, tempo houve uma diminuição da taxa de positividade à covid-19, que é agora inferior a 4% no território nacional, apesar de alguns concelhos estarem acima deste limiar.

"O aumento súbito da positividade foi acompanhado por um aumento da testagem, como seria de esperar. Esperamos sempre que a intensificação da procura se traduza numa diminuição da incidência", diz.

13 abr 2021 13 de abril de 2021 às 10:29
autor Diogo Camilo

Existem 121 casos ativos em lares, o "número mais baixo desde que há registos"

O aumento de novos casos de covid-19 verificado nas últimas semanas pode ter uma explicação. André Peralta Santos, da DGS, assinala que, apesar de uma "redução muito assinalável em todos os grupos etários", existe uma "inversão da tendência e aumento na faixa etária dos 0 aos 9 anos de idade" e um crescimento na faixa etária com mais de 80 anos.

Ainda assim, todas as faixas etárias registaram menos casos que a 15 de março, com exceção para a faixa dos 0 aos 9 anos.

O especialista indicou ainda que a incidência nos últimos 14 dias teve um "aumento mais expressivo na população mais jovem", mas também na população ativa - dos 25 aos 70 anos.

André Peralta Santos realça também que existem 121 casos ativos em lares de idosos, o "número mais baixo desde que há registos", além de uma tendência descrescente nas hospitalizações e estabilização em internamentos em cuidados intensivos.

13 abr 2021 13 de abril de 2021 às 10:24
autor Diogo Camilo

Covid-19. Incidência em Portugal é a mais alta das últimas três semanas

A primeira apresentação é de André Peralta Santos, diretor de serviços de Informação e Análise da Direção-Geral de Saúde, indicando que, neste momento, a incidência cumulativa da covid-19 em Portugal está próxima de 71 casos por 100 mil habitantes em Portugal, com "uma tendência ligeiramente crescente". 

Este é o maior valor da incidência da pandemia desde 22 de março, há mais de três semanas. 

O médico dá ainda conta de que existem 22 concelhos com mais de 120 casos por 100 mil em Portugal continental e que Algarve e no Alentejo são as regiões do país com a maioria destes concelhos.

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