Jerónimo de Sousa escolheu o regresso do partido aos comícios, em Lisboa, para fazer uma crítica severa ao Programa de Estabilização Económica e Social por nada prever, por exemplo, quanto à proibição dos despedimentos.
O líder do PCP admitiu, este domingo, que não tem ilusões quanto à eficácia no "curto prazo" para do plano do Governo para responder à crise causada pela pandemia da covid-19, atacou "insuficiências", mas registou "aproximações" dos socialistas.
"Ficou aquém na resposta que se exigia para combater o vírus do crescimento do desemprego. Desde logo não assumindo a proibição de despedimentos neste período, nem a reposição dos vínculos de todos os trabalhadores entretanto despedidos", afirmou, num discurso de 30 minutos a algumas centenas de pessoas, num comício em que os militantes, grande parte deles com máscara, ficaram a alguma distância uns dos outros.
Jerónimo de Sousa mostrou-se cético quanto ao PEES, embora nada tenha dito quanto a um sentido de voto dos comunistas no parlamento sobre o Orçamento Suplementar, que é apresentado esta semana.
"Não temos ilusões em relação à eficácia do Programa de Estabilização com as suas insuficientes medidas de curto prazo, para conter e impedir no imediato os previsíveis perigos que estão presentes na realidade portuguesa", admitiu.
E deu depois os exemplos das áreas em que acreditar que dê resposta: "Os riscos das falências, a redução significativa do poder de compra da população e evitar os seus impactos negativos no plano social e económico, as limitações nos serviços públicos que impedem a resposta que seria agora exigida e necessária; os processos de ainda maior concentração e centralização de capital."
O líder comunista registou uma aproximação do executivo de António Costa "em relação a propostas" do partido, "como a do aumento da proporção do salário pago em situação de 'lay-off'" ou "a suspensão do Pagamento por Conta para as Micro, Pequenas e Médias Empresas (MPME), como o apoio aos sócios-gerentes" ou ainda na "melhoria das condições de acesso ao subsídio social de desemprego e ao RSI".
Ou ainda na proposta de criar "uma prestação social de apoio extraordinária de 438 euros a todos aqueles que ficaram sem qualquer meio de subsistência e não têm resposta nos apoios atuais".
"Indo ao encontro da nossa iniciativa, o Governo acolheu-a para os trabalhadores independentes, mas deixou muitos trabalhadores de fora, alguns com vínculos de trabalho atípico e sem solução", referiu, prometendo que o PCP vai "continuar a lutar para garantir a sua aplicação de forma ampla".
Apesar das críticas e de reconhecer as "aproximações" ao PCP quanto ao PEES, que servirá de base ao Orçamento Suplementar, que esta semana será entregue no parlamento, Jerónimo de Sousa nada disse sobre a posição dos comunistas quanto ao documento.
Na sexta-feira, no parlamento, o PCP remeteu para mais tarde uma posição sobre o orçamento.
No comício, Jerónimo Sousa ironizou com a "bazuca" de "750 milhões" a ser negociados na União Europeia, acompanhado, disse, de "fogo-de-artifício, como convém, para com o brilho e o estampido do foguetório ofuscar a verdadeira natureza do que está em marcha, preparado e cozinhado pelo eixo franco-alemão".
"Propala-se a ideia de que a grande solução para os problemas nacionais está aí, finalmente e à mão de semear. Anuncia-se aos sete ventos na Europa e aqui também um fundo que se apregoa como uma bazuca de 750 mil milhões de euros para apoiar a recuperação económica decorrente do covid", afirmou.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 400 mil mortos e infetou mais de 6,9 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo o balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 1.479 pessoas das 34.693 confirmadas como infetadas, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde, divulgado no sábado.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Covid-19: PCP sem "ilusões" quanto ao Programa de Estabilização, mas regista "aproximações"
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