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Costa: "Ninguém pode morrer pelo exercício do direito à greve"

11 de dezembro de 2018 às 16:11
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Em debate quinzenal, o primeiro-ministro defendeu não ser aceitável que a greve dos enfermeiros já tenha adiado mais de 5 mil cirurgias.

O primeiro-ministro defendeu hoje não ser aceitável que a greve dos enfermeiros já tenha adiado mais de 5.000 cirurgias programadas, considerando que "ninguém pode morrer pelo exercício do direito à greve".

No debate quinzenal, o líder parlamentar do PSD, Fernando Negrão, dedicou toda a sua intervenção a questionar António Costa sobre o estado do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e, em particular, sobre o impacto da greve dos enfermeiros no número de cirurgias adiadas nos hospitais públicos.

"Se me pergunta se as greves a cirurgias programadas é uma prática aceitável, devo dizer que considero que não é aceitável. São mais de 5000 cirurgias que já foram canceladas, considero de facto grave, mas não me compete substituir aos dirigentes sindicais", afirmou o primeiro-ministro.

No debate, António Costa e Fernando Negrão envolveram-se numa troca mais acesa de palavras a propósito da bastonária da Ordem dos Enfermeiros, Ana Rita Cavaco, que até ao último Congresso era membro do Conselho Nacional do PSD, com o primeiro-ministro a acusar o líder parlamentar social-democrata de ser "porta-voz" das suas reivindicações.

Depois de Negrão ter questionado o número de cirurgias avançado pelo primeiro-ministro, dizendo ter números dos sindicatos e da ordem, António Costa usou a ironia para responder. "Ainda bem que recordou o papel extraordinário de uma ordem profissional que resolve exercer funções sindicais como se isso lhe competisse", acusou.

Frisando "não ser advogado de qualquer Ordem", o líder da bancada do PSD considerou que estes organismos têm uma responsabilidade deontológica relativamente ao estado da saúde dos portugueses.

"Será que não há números oficiais porque o Governo não quer que se conheça a verdadeira dimensão? Quantos anos levará o SNS a reprogramar, a concretizar as milhares de cirurgias canceladas?", questionou Negrão.

Na resposta, António Costa foi ainda mais preciso, dizendo que "à data de sexta-feira" os números certos de cirurgias programas eram 4176.

Cirurgias estarão repostas até Março de 2019

António Costa apontou ainda para o primeiro trimestre do ano como a data limite da reposição das cirurgias adiadas. A declaração surgiu após a líder do CDS-PP, Assunção Cristas, ter perguntado ao primeiro-ministro se "o SNS está preparado para o tempo frio e para as festas" e quanto tempo demoraria o Governo a repôr as cirurgias.

"Com os dados de hoje e sem mais cirurgias, no primeiro trimestre do próximo ano estão em condições de serem programas e executadas", respondeu Costa.

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