O Presidente da República disse hoje que se emocionou ao ouvir a canção "Grândola, Vila Morena" nas Cortes espanholas, associando-a ao 25 de Abril.
O Presidente da República disse hoje que se emocionou ao ouvir a canção "Grândola, Vila Morena" nas Cortes espanholas, associando-a ao 25 de Abril, contornando o facto de ter sido cantada por parlamentares pró-independência da Catalunha.
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Esse gesto simbólico de cerca de 20 parlamentares, com cravos amarelos ao peito em sinal de apoio aos políticos catalães presos, marcou a sessão solene conjunta do Congresso dos Deputados e do Senado de Espanha na qual Marcelo Rebelo de Sousa interveio hoje à tarde, durante a sua visita de Estado a Espanha.
No final de uma recepção no Palácio do Pardo, nos arredores de Madrid, questionado sobre esse momento, o chefe de Estado começou por dizer que ficou "muito emocionado com o aplauso unânime de todos, todos os deputados, de todas as bancadas" à sua intervenção nas Cortes de Espanha, dedicada à democracia, observando: "Na Assembleia da República isso nunca me aconteceu".
"Como também me emocionou o facto de, falando eu de democracia - e democracia para nós é 25 de Abril, e 25 de Abril para nós tem, como um dos símbolos, a 'Grândola, Vila Morena' - ouvir cantar no fim da sessão a 'Grândola, Vila Morena'", acrescentou o Presidente da República, que chegou a cantarolar da tribuna alguns versos da canção de Zeca Afonso, antes de sair do hemiciclo.
"Ouvir cantar um dos símbolos do 25 de Abril, depois do elogio à democracia, nas Cortes espanholas, com um aplauso unânime a Portugal, temos de admitir que não podia deixar de me emocionar", reforçou, em declarações aos jornalistas que acompanham a sua visita de Estado.
Questionado sobre a associação da canção, neste episódio, à causa da independência da Catalunha, contrapôs: "O 25 de Abril é o 25 de Abril, 'Grândola, Vila Morena' é 'Grândola, Vila Morena' e, portanto, para o Presidente da República Portuguesa não há democracia sem o 25 de Abril, e uma das evocações é a Grândola, Vila Morena".
Confrontado com a omissão total da situação da Catalunha nos discursos dos protagonistas políticos durante esta sua deslocação a Espanha, Marcelo Rebelo de Sousa respondeu: "Eu não posso falar por sua majestade, nem falar pelo presidente do Governo espanhol, só falo por mim".
Depois, justificou a sua opção reiterando que tem como "posição de princípio" não comentar assuntos internos dos países que visita.
Ainda em relação à "Grândola", preferiu enfatizar a reação à sua intervenção, lembrando que falou na necessidade de "recriar a democracia, não basta estar na Constituição, tem de passar para a prática, e não basta dá-la como adquirida, nunca está adquirida, tem de se recriar", e ligou os dois momentos.
"Ver cantada a 'Grândola, Vila Morena', por vários setores das Cortes - eu só pude ver o início porque entretanto, terminada a sessão, saía da sala - foi, no fundo, o reconhecimento daquilo que tinha sido o aplauso, unânime antes do discurso, e unânime depois do discurso", sustentou.
Segundo o chefe de Estado, o parlamento espanhol quis prestar "uma homenagem a Portugal" ao aplaudi-lo.
"E eu como Presidente da República Portuguesa senti-me muito lisonjeado e emocionado, até com uma sensação muito especial, diferente da sensação que, naturalmente, tenho tido na Assembleia da República", descreveu, repetindo que em Portugal não tem "suscitado - faz parte da democracia - o aplauso unânime das várias bancadas parlamentares".
Instado a esclarecer a afirmação de que "a extrema-esquerda não existe mais em Portugal", Marcelo Rebelo de Sousa referiu que "estava a falar para uma audiência espanhola", na Universidade Carlos III, sobre migrações e refugiados.
"Eu tive de explicar que, na forma como vejo a vida política portuguesa, não há extrema-direita em Portugal em termos parlamentares, e não há extrema-esquerda em Portugal em termos parlamentares. Naturalmente, era a minha explicação e o juízo que formulo sobre a situação política parlamentar portuguesa", limitou-se a dizer, sem desenvolver o tema.
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