Um canil ilegal que chega a acolher 140 animais em simultâneo em Canedo, no concelho de Santa Maria da Feira, está a ser objeto de um processo-crime por maus tratos, confirmou hoje o comando de Aveiro da GNR.
Em causa está um espaço improvisado para acolhimento de animais errantes, cuja gestão é atribuída pelas autoridades a uma ativista portuguesa e a uma organização intitulada DZG Canedo. Essa estrutura surge identificada em várias páginas da rede social Facebook como a "organização não-governamental Dierenhulp Zonder Grenzen", que em textos em holandês reconhece ter 140 animais à sua guarda.
O capitão do comando distrital de Aveiro da GNR, Luís Caetano, confirmou à Lusa: "Está a decorrer um processo-crime iniciado pelo núcleo de Proteção Ambiental da GNR porque o canil é ilegal e houve registo de maus-tratos a animais".
Esse responsável admite, contudo, que o procedimento judicial pode não ser a solução para o caso "já que irá levantar outro problema - o da retirada dos animais do recinto, porque não se sabe onde colocá-los e os canis têm estado lotados".
A Câmara Municipal de Santa Maria da Feira informa que "tem estado a acompanhar a situação de muito perto" e adianta apenas que está a procurar soluções "em articulação com outras entidades competentes e com associações da área do bem-estar animal".
Quem diz conhecer há seis anos "as loucuras" da ativista associada à gestão do espaço é Paula Castro, ao afirmar que já em Espinho enfrentou situações em que essa cidadã colocou em risco animais e saúde pública.
"Essa senhora chegou a ter 70 cães ao sol, sem água nem comida, e foi um voluntário que alertou para o problema quando viu a situação a ficar descontrolada. Eu própria fiz várias queixas, mas há seis anos não havia a lei atual sobre os maus-tratos a animais, portanto foi tudo arquivado e entretanto ela levou o problema para outro lado", declara.
Quando a intervenção de civis e autoridades ditou o fecho desse canil de Espinho, Paula Castro viu-se perante dezenas de animais sem dono e foi assim, aliás, que fundou a associação "Patinhas sem Lar".
"É realmente uma situação muito complicada, porque a tal senhora até começou com boas intenções, (...) mas começou a reunir animais a mais num sítio muito pequeno e sem condições nenhumas, deixa-os sem água nem comida, não os trata quando lhes aparecem doenças e depois põe os cães todos juntos sem critério de raça, sexo ou porte, pelo que há sempre muitas mortes e ferimentos por ataques", refere.
Hélder Marques vive a dois quilómetros do abrigo e dá outros pormenores sobre a situação que diz arrastar-se há três anos: "De manhã acorda-se com o barulho ensurdecedor dos cães e, quando se passa lá, é um mau cheiro que não se aguenta".
Esse morador diz também já ter gravado "vídeos a mostrar o sangue dos animais no chão, porque eles estão lá todos a monte e acabam a atacar-se uns aos outros".
A Lusa procurou várias vezes ouvir os responsáveis pelo espaço, através dos números de telefone indicados no Facebook como disponíveis para pedidos de informação ou adoção, e nunca conseguiu estabelecer contacto.
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