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Ativistas que interromperam António Costa admitem fazer mais ações

23 de abril de 2019 às 17:53
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"Uma rebelião internacional não-violenta contra os governos do mundo por causa da inação criminal sobre a crise ecológica" é o que tem movido milhares de pessoas em todo o mundo.

Um dos coordenadores dos ativistas do Extinction Rebellion Portugal admitiu hoje à Lusa que ações como a que interrompeu o discurso do primeiro-ministro, na segunda-feira, podem repetir-se "a qualquer momento".

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Em entrevista à agência Lusa, Sinan Eden explicou que o movimento internacional "é aberto e, por isso, quem se identifica com os princípios e reivindicações pode agir em nome do "Extinction Rebellion".

Quem são os jovens que invadiram a festa de Costa?

"Lamentamos estragar a vossa festa, mas o rio Tejo, aqui ao lado, a nossa cidade e as gerações futuras não têm nada para celebrar." Era isto que um dos quatro jovens do grupo Extinction Rebellion Portugal tentou dizer ao interromper o discurso do primeiro-ministro António Costa no 46.º aniversário do PS, esta segunda-feira.

"Lamentamos estragar a vossa festa, mas o rio Tejo, aqui ao lado, a nossa cidade e as gerações futuras não têm nada para celebrar." Era isto que um dos quatro jovens do grupo Extinction Rebellion Portugal tentou dizer ao interromper o discurso do primeiro-ministro António Costa no 46.º aniversário do PS, esta segunda-feira.

Apesar de ser um dos coordenadores do movimento, Sinan Eden disse não ter "conhecimento dos próximos passos" dos ativistas, alertando que "podem surgir espontaneamente a qualquer momento".

"Uma rebelião internacional não-violenta contra os governos do mundo por causa da inação criminal sobre a crise ecológica" é o que tem movido milhares de pessoas em todo o mundo, com destaque para o Reino Unido e a França. Portugal também aderiu ao movimento e participou na "Semana Internacional de Rebelião".

O plano inicial era serem "sete dias, sete ações, sete temas", mas a "Semana Internacional de Rebelião em Portugal" prolongou-se no tempo e nas iniciativas, contou Sinan Eden.

O protesto com mais impacto mediático acabou por ser o de segunda-feira, um dia depois de terminada a "semana internacional", que deveria ter ocorrido entre 15 e 21 de abril.

Na segunda-feira à noite, o discurso de António Costa no jantar de aniversário do PS foi interrompido por um grupo de manifestantes que "bombardearam o primeiro-ministro com aviões de papel" para criticar a construção do aeroporto no Montijo.

O novo aeroporto já tinha sido motivo de uma outra ação na madrugada da passada quarta-feira, esta incluída na "semana internacional": Um cartaz do candidato do PS para as eleições europeias, Pedro Marques, foi vandalizado.

Houve um "embate frontal entre um avião de papel das forças da Rebelião de Extinção e um símbolo do Partido Socialista, que repousava num cartaz de propaganda eleitoral em plena Praça de Espanha", contam os protestantes na página.

"Partido Socialista – "Mais aviões, mais poluição e mortes certas" foi assim a quinta ação do movimento, que se focou no canditato Pedro Marques, "por ter assinado o novo contrato para o aeroporto do Montijo", explicou Sinan Eden, um turco que, em 2011, veio para Portugal fazer um doutoramento em Matemática no Instituto Superior Técnico e acabou por ficar.

Até ao momento, realizaram-se dez ações diretas não violentas que abordaram a energia, transportes, alimentação, decisões políticas, moda, plástico e resíduos, e ‘greenwashing’ (apropriação de virtudes ambientalistas por parte de organizações através de técnicas de marketing).

A "semana internacional" começou com duas ações: De manhã, um grupo de ativistas montou uma rede de plástico à porta da Nestlé acusando a empresa da excessiva produção, uso e distribuição de plástico e à tarde outro grupo denunciou a cimeira "European Climate Summit", que uniu empresas petrolíferas e o Governo português, segundo um relato do coordenador.

Também invadiram uma estação de televisão para "denunciar o silêncio cúmplice" da comunicação social: "O maior crime é a inação por parte dos Governos e empresas", alertou o Sinan Eden.

"A indústria da moda mata" foi outra das ações dos ativistas que quiseram "celebrar o casamento entre a poluição e ‘fast-fashion’" para lembrar que esta é a segunda maior indústria poluente do mundo.

No 50.º aniversário da refinaria da Galp em Matosinhos, manifestantes mascarados de energias renováveis apareceram na festa e pediram a "reforma antecipada da refinaria", contou Sinan.

Uma concentração pacífica e performativa no Porto, com os ativistas a "morrer" em frente a um centro comercial para sensibilizar as pessoas para a necessidade da declaração de emergência climática e alertar para o consumo excessivo foi outra das iniciativas.

A equipa coordenadora está agora a "fazer uma reflexão interna" mas admite que podem surgir protestos a qualquer momento e em qualquer lugar.

Sinan Eden acredita que o "movimento pela justiça climática está a crescer: O Extintion Rebellion está a crescer, a greve climática estudantil está a crescer".

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