"Se no Casal da Mira estiverem cem pessoas duas horas encostadas à parede" numa operação da polícia, trata-se de "uma segunda-feira" normal, mas "na avenida de Roma seria um escândalo", afirmou Nuno Ramos de Almeida, dirigente do movimento Vida Justa.
Um grupo de ativistas encostou-se esta sexta-feira à parede de braços e pernas abertas, uma das zonas nobres de Lisboa, para demonstrar que a polícia não atua ali como em zonas periféricas e habitadas por imigrantes.
JOSÉ SENA GOULÃO/LUSA
"Se no Casal da Mira (Amadora) estiverem cem pessoas duas horas encostadas à parede" numa operação da polícia, trata-se de "uma segunda-feira" normal, mas "na avenida de Roma seria um escândalo", afirmou à Lusa Nuno Ramos de Almeida, dirigente do movimento Vida Justa.
Instantes antes, o ativista estivera nessa posição, numa iniciativa para promover a manifestação "Não nos encostem à parede", que se realiza no sábado.
Dirigentes do coletivo que organiza a manifestação e outros ativistas comportaram-se esta sexta-feira como se estivessem a ser revistados pelas autoridades, à semelhança do que sucedeu no dia 19 de dezembro na rua do Benformoso, em Lisboa, numa ação da PSP criticada por vários partidos, associações antirracistas e dirigentes políticos.
"O objetivo desta iniciativa é recriar uma situação e demonstrar que a polícia não atua da mesma maneira com toda a gente", afirmou Nuno Ramos de Almeida.
"A polícia atua em territórios da periferia como uma espécie de força de ocupação" e "há uma forma de ver o outro como se não pertencesse à sociedade, como se não tivesse poder, como se não fizesse parte da democracia", referiu o dirigente, que integra a organização da manifestação de sábado.
No seu entender, "existe uma espécie de criminalização daqueles que são mais pobres, que estão na periferia ou os imigrantes", que corresponde a uma "escolha política" do Governo.
"Embora as estatísticas digam que os imigrantes não estão associados ao crime nem ao seu crescimento que não existe", o que se passa é a "apropriação de uma agenda populista que responsabiliza os imigrantes e os setores mais pobres da população pela criminalidade e pede repressão contra eles", explicou.
Por isso "colocamo-nos numa zona rica da cidade e dizemos que a polícia aqui não faz isso, respeita as pessoas", disse.
Quanto à manifestação de sábado, Ramos de Almeida espera a "presença de milhares" de pessoas para protestar contra a ação policial e diz não temer comparações de mobilização com a anunciada ação do partido do Chega, de apoio à PSP, agendada para o mesmo dia.
"Não concordamos um milímetro com o que eles dizem, mas eles têm direito a expressar a sua opinião", resumiu o dirigente.
Outro dos promotores da manifestação, Farid Patwary, lamentou que a polícia insista em atuar "contra os mais frágeis", considerando que a ação de 19 de dezembro "não deu uma boa imagem de Portugal ao mundo".
Vindo do Bangladesh há nove anos, Farid Patwary tem sentido mudança na relação de Portugal com os imigrantes.
"Nota-se diferença e ela não é boa" e "em cada dia está um bocadinho diferente", explicou.
"Agora mudou o sentimento e o imigrante é visto como um criminoso e as pessoas olham para os imigrantes com desconfiança", disse.
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