Principal suspeito de rede que terá falsificado milhares de moradas na Penha de França disse não saber que estava a cometer um crime e lamenta.
Ripom Houssain, arguido no processo da rede que terá falsificado milhares de moradas na Penha de França, reconheceu na primeira sessão do julgamento ter fornecido a sua morada a mais de 1.300 pessoas para que pudessem regularizar a sua situação em Portugal. O arguido, natural do Bangladesh, disse não saber que estava a cometer um crime e que perguntou várias vezes junto dos serviços da junta de freguesia se não havia problema em dar a sua morada para que pessoas conseguissem aceder a vistos de residência e que os funcionários da junta sempre lhe disseram que não havia problema.
Paulo Calado/ Cofina Media
O julgamento do caso arrancou esta terça-feira no Campus da Justiça, no Parque das Nações, em Lisboa. Ripom Houssain, um dos principais arguidos no caso, reconheceu ter dado a sua morada a mais de 1.300 pessoas de forma a que pudessem regularizar a sua situação em Portugal, a maior parte das quais oriundas do Bangladesh.
O caso foi denunciado à Polícia Judiciária (PJ) pela presidente da Junta de Freguesia da Penha de França, Ana Oliveira Dias, em 2022.
Houssaim disse ao coletivo de juízes que chegou a Portugal em 2014 e que em 2016 abriu um restaurante na zona da Penha de França. O restaurante manteve-se aberto até 2021, altura em que a pandemia o forçou a encerrar o estabelecimento. Foi então que começou a ceder a sua morada a outros cidadãos oriundos do Bangladesh que estavam em Portugal para trabalhar. Fê-lo pois estava desempregado e precisava de dinheiro, afirmou, por intermédio de uma tradutora.
O seu colega de casa, MD Nadim, entrou também no esquema das moradas, usando, por vezes, a identidade de Houssain junto dos serviços da junta, afirmou o arguido, que disse que, por esse motivo, não podia precisar quantas pessoas terão dado a sua morada para conseguir os documentos de legalização no País.
Houssain disse que perguntou várias vezes na junta de freguesia da Penha de França se havia problema em dar a sua morada e diz que os funcionários sempre lhe disseram que não havia problema. Instado a identificar os funcionários da junta que lhe disseram que não havia problema, Houssain disse que falou com três funcionários, um chamado Pedro, que identificou como sendo o arguido Pedro Geitoeira, mas não sabia qual o seu apelido e outras duas funcionárias de quem não sabe o nome.
"Se soubesse que era um crime, não o teria feito", atestou Houssain que disse que só o fazia porque muitas das pessoas vindas do Bangladesh viviam em hosteis e precisavam de uma morada fixa para ficarem em Portugal. Explicou ainda que recebia entre 5 e 10 euros sempre que dava a morada e "50 euros ou mais" sempre que as pessoas recebiam cartão de residência.
O arguido lamentou ter cometido um crime, assegurando não ter ideia de que era proibido fazer o que fez.
Além de Houssain há mais 29 arguidos no processo, incluindo cidadãos portugueses que terão também cedido a sua morada no âmbito do esquema, recebendo dinheiro em troca de cederem a morada e de servirem como testemunhas juntos dos serviços da junta de freguesia, atestando que os cidadãos moravam de facto naquelas casas.
Imigrante do Bangladesh reconhece ter dado morada a mais de 1.300 pessoas
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui ,
para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana. Boas leituras!
Para poder adicionar esta notícia aos seus favoritos deverá efectuar login.
Caso não esteja registado no site da Sábado, efectue o seu registo gratuito.
Para poder votar newste inquérito deverá efectuar login.
Caso não esteja registado no site da Sábado, efectue o seu registo gratuito.
É tempo de clarificação e de explicarmos às opiniões públicas europeias que sem Segurança não continuaremos a ter Liberdade. A violação do espaço aéreo polaco por parte da Rússia, com 19 drones, foi o episódio mais grave da história da NATO. Temos de parar de desvalorizar a ameaça russa. Temos de parar de fazer, mesmo que sem intenção, de idiotas úteis do Kremlin. Se não formos capazes de ajudar a Ucrânia a resistir, a passada imperial russa entrará pelo espaço NATO e UE dentro
Montenegro e Rangel ignoram, de forma conveniente, que o dever primordial de qualquer Estado democrático é proteger a vida e a integridade física dos seus cidadãos
Esta ignorância velha e arrastada é o estado a que chegámos, mas agora encontrou um escape. É preciso que a concorrência comece a saber mais qualquer coisa, ou acabamos todos cidadãos perdidos num qualquer festival de hambúrgueres