Associação reconhece os "progressos significativos" na área da violência contra as mulheres mas sublinha que é necessário "operacionalizar e tornar eficaz" o sistema.
A associação de apoio à vítima realçou esta segunda-feira a parte positiva do relatório europeu que reconhece a Portugal "progressos significativos" na área da violência contra as mulheres, mas sublinhou que ainda é preciso tornar o sistema mais eficaz e coerente.
Em declarações àLusaa propósito do primeiro relatório de avaliação realizado em Portugal após a ratificação em 2013 da Convenção de Istambul, o presidente da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) destacou a parte positiva deste documento, sublinhando que o país tem vindo a fazer "na última década grandes desenvolvimentos no que diz respeito ao combate à violência doméstica e no apoio às suas vítimas".
"As medidas [sugeridas pelos autores do relatório] têm que ver com propostas de melhoria contínua e muitas que apontam para melhoria no sistema têm sido apontadas pela APAV e por muitas outras organizações da sociedade civil", reconheceu João Lázaro.
O relatório conclui que Portugal fez progressos significativos contra a violência contra as mulheres e que "até é pioneiro em certas áreas", mas verifica uma baixa taxa de condenações e necessita de uma "coordenação mais robusta" entre as agências governamentais.
Quanto às restantes medidas sugeridas, João Lázaro destaca a formação de magistrados, "não apenas na formação inicial relativamente a quem está começar a carreira, mas ao longo da vida útil de magistrado".
"As decisões que têm vindo a público no último ano revelam também muitas vezes o prejuízo de uma visão não consentânea com uma interpretação muitas vezes até relativamente à Constituição do que deve ser a garantia dos direitos das vítimas de crime e na violação dos seus direitos como violação de direitos humanos", afirmou João Lázaro.
O responsável da APAV sublinhou a maior organização entre as diversas jurisdições na área da Justiça [criminal e família], sublinhando que esta tarefa "cabe inteiramente ao Estado".
"O Estado tem vindo a fazer, e bem, o papel de tentar uma coordenação dos procedimentos da sociedade civil, mas claramente o grande desafio é poder coordenar-se a si próprio e articular-se nos seus próprios subsetores de atividade para que possa dar o exemplo", afirmou.
Como exemplo do trabalho que o Estado tem feito para tentar corrigir o que está mal, João Lázaro aponta a retrospetiva da análise aos homicídios conjugais: "É um sinal de maturidade do próprio estado de olhar para o que correu mal e poder melhorar".
Outra questão apontada pelo responsável é o que fazer e como dar forças às recomendações dos autores do relatório: "É esse o grande desafio. Operacionalizar e tornar eficaz e coerente todo o sistema".
A avaliação tornada pública é da responsabilidade do Grupo de Peritos para o Combate à Violência contra as Mulheres e a Violência Doméstica (GREVIO, na sigla em inglês), órgão especializado e independente previsto na Convenção do Conselho da Europa para a Prevenção e o Combate à Violência Contra as Mulheres e a Violência Doméstica que tem a missão de monitorizar a aplicação do texto por parte dos Estados signatários.
"O GREVIO reconhece o compromisso significativo das autoridades portuguesas e os progressos alcançados", indica o relatório, que recomenda, ao longo de cerca de 80 páginas, medidas para melhorar a proteção das vítimas, os procedimentos judiciais contra os agressores e a área da prevenção.
Os últimos dados conhecidos, relativos a 2018 e apresentados em meados de novembro passado pelo Observatório de Mulheres Assassinadas, davam conta de 24 mulheres assassinadas por familiares ou companheiros em Portugal, mais seis do que em 2017.
A este respeito, "o relatório reconhece o progresso alcançado na construção de uma moldura legislativa sólida para abordar a violência contra as mulheres, mas (...) uma área de particular preocupação é a definição de violação que não se baseia apenas na ausência de consentimento livre e requer o uso de 'restrição'", refere o texto.
Outro foco de preocupação do órgão independente é "o uso generalizado de processos suspensos e a falta generalizada de ênfase na obtenção de condenações em casos de violência contra as mulheres".
APAV realça progressos na violência contra mulheres, mas é preciso mais eficácia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui ,
para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana. Boas leituras!
Para poder adicionar esta notícia aos seus favoritos deverá efectuar login.
Caso não esteja registado no site da Sábado, efectue o seu registo gratuito.
A escola é um espaço seguro, natural e cientificamente fundamentado para um diálogo sobre a sexualidade, a par de outros temas. E isto é especialmente essencial para milhares de jovens, para quem a escola é o sítio onde encontram a única oportunidade para abordarem múltiplos temas de forma construtiva.
O humor deve ser provocador, desafiar convenções e questionar poderes. É um pilar saudável da liberdade de expressão. Mas quando deixa de ser crítica legítima e se transforma num ataque reiterado e desproporcional, com efeitos concretos e duradouros na vida das pessoas, deixa de ser humor.
O poder não se mede em tanques ou mísseis: mede-se em espírito. A reflexão, com a assinatura do general Zaluzhny, tem uma conclusão tremenda: se a paz falhar, apenas aqueles que aprendem rápido sobreviverão. Nós, europeus aliados da Ucrânia, temos de nos apressar: só com um novo plano de mobilidade militar conseguiríamos responder em tempo eficaz a um cenário de uma confrontação direta com a Rússia.