Hortêncio Coxi, que afirma ter sido vítima de agressões da polícia portuguesa no bairro da Jamaica, disse que quer "justiça" para o seu caso e não violência nas ruas, apelando para que eventuais manifestações sejam pacíficas.
O angolano Hortêncio Coxi, que afirma ter sido vítima de agressões da polícia portuguesa no bairro da Jamaica, disse esta sexta-feira que quer "justiça" para o seu caso e não violência nas ruas, apelando para que eventuais manifestações sejam pacíficas.
"Nós passamos uma mensagem a todos os manifestantes para que façam uma manifestação pacífica, sem agressões e sem violência", disse Hortêncio Coxi, de 31 anos, à saída de uma reunião, esta tarde, com o cônsul de Angola em Lisboa.
"Não vamos misturar as coisas e generalizar tudo. Nós estamos à procura de justiça, não de violência", sublinhou o angolano, que está no bairro da Jamaica há 19 anos.
Hortêncio Coxi espera que o episódio vivido pela sua família motive uma mudança na abordagem aos bairros sociais pelas autoridades, a quem pede "mais respeito" quando "forem autuar alguém - tanto faz português ou cidadãos estrangeiros".
"A autoridade, quando entra num bairro social, muitas vezes, eles entram já de uma forma muito violenta", atirou, acrescentando que "eles [autoridades] não sabem o que se passou no bairro".
"Dentro de um bairro vivem pessoas honestas, vivem pessoas trabalhadoras (...) ninguém escolhe emigrar do país dele para vir viver num bairro social", apontou.
Durante a tarde, Hortêncio Coxi e vários membros da sua família foram recebidos pelo cônsul-geral de Angola em Lisboa, Narciso Espírito Santo, numa breve reunião no consulado-geral de Angola.
Presente na reunião esteve o pai de Hortêncio, Fernando Coxi, que assinalou o conselho do cônsul para "não sujar" a imagem de "elementos cívicos, educados".
Fernando Coxi, de 63 anos, repetiu o apelo do filho: "Nós pedimos que não haja mais grupos a fazer manifestação, a escandalizar, a fazer aquilo que estão a fazer. Nós não pedimos isso".
Para o pai, há "aproveitadores" da situação vivida pela sua família que estão a fomentar o ódio, algo com que não se revêm.
"Não queremos criar ódio entre os outros irmãos daqui (...) todos nós somos cidadãos, todos nós somos pessoas", afirmou.
Fernando Coxi, segurança de profissão, espera que "a justiça seja feita", e defende que a solução passa pela expulsão dos agentes da Polícia de Segurança Pública (PSP) envolvidos nos confrontos no passado domingo.
"Esta família já sofreu muito, e eu sempre fui evitando, mas os autores têm que indemnizar a família e os polícias têm de ser expulsos", considerou o angolano.
"Não é suspensão, é expulsão", defendeu, justificando que "amanhã, os outros que vão ficar na unidade" não terão "atitudes agressivas".
No domingo passado, a polícia foi chamada a Vale de Chícharos após ter sido alertada para "uma desordem entre duas mulheres".
Segundo a PSP, um grupo de homens reagiu à intervenção dos agentes da polícia quando estes chegaram ao local, atirando pedras. Do incidente resultaram feridos, sem gravidade, cinco civis e um agente.
Na segunda-feira decorreu uma manifestação contra a violência policial, convocada nas redes sociais, em frente ao Ministério da Administração Interna, em Lisboa, que resultou em quatro detenções por apedrejamento aos agentes da PSP, de acordo com a polícia.
Nos dias seguintes aos protestos ocorreram diversos atos de vandalismo, como caixotes de lixo queimados e carros vandalizados, nos concelhos de Loures, Sintra, Odivelas e Setúbal.
O Ministério Público e a PSP abriram inquéritos aos incidentes no bairro da Jamaica.
Alegada vítima da PSP no bairro da Jamaica quer justiça e não violência nas ruas
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