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A austeridade na prática: até fraldas faltam nos hospitais

Maria Henrique Espada
Maria Henrique Espada 14 de julho de 2017 às 07:30

Quando se falam em cativações - a despesa prevista mas que fica por fazer - fomos ouvir quem lhe sente os efeitos no dia a dia

Em Setembro do ano passado, dois instruendos do curso de comandos morreram no primeiro dia de treinos, quando as temperaturas atingiam 40 graus. O relatório de autópsia de um deles refere uma cadeia de erros, entre os quais a não transferência imediata para um hospital e um arrefecimento insuficiente. O tenente-coronel António Mota, que preside à Associação de Oficiais das Forças Armadas, aponta o que não mudou: "Quando se detectou o golpe de calor foram levados para uma tenda de apoio médico. Essa tenda há dois ou três anos que não tem refrigeração. Avariou e nunca foi arranjada. Agora, com 40 graus lá fora, imagine lá dentro." O exército tinha ali uma ambulância, mas não medicalizada. Houve que aguardar que chegasse a do INEM, o que atrasou a transferência das vítimas. Há dias, António Mota perguntou a um colega do Estado Maior do Exército: "Então, já têm a tenda refrigerada?" Resposta, com ironia: "Porquê, contribuíste para algum peditório?" Em Setembro, um ano após a tragédia, começa novo curso de comandos. Com a mesma tenda. "E se morre alguém outra vez?"

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