Realização da cerimónia evocativa da Revolução dos Cravos tem suscitado acesa polémica, sobretudo nas redes sociais e nos setores mais à direita da sociedade portuguesa, apesar de ter reunido a aprovação de partidos que representam mais de 90% dos votos das últimas legislativas.
A celebração do25 de Abrilvai decorrer pela primeira vez sem ações de rua, devido ao surto dacovid-19, mas com a sessão solene na Assembleia da República, que já falhou em três dos 46 anos da democracia.
A sessão que assinala a Revolução dos Cravos no parlamento não se realizou apenas em três dos últimos 46 anos, em 1983, em 1993 e em 2011.
Em 1983, por haver eleições legislativas no próprio dia 25 de abril; em 2011, por a assembleia se encontrar dissolvida; e em 1993, quando os órgãos de comunicação social decidiram em bloco boicotar todos os trabalhos parlamentares em protesto contra a limitação da circulação dos jornalistas no edifício de S. Bento, em Lisboa. Como não haveria cobertura, decidiu-se cancelar a sessão no parlamento.
Desta vez, o parlamento português, que está a funcionar em regime de 'serviços mínimos' desde a instauração do estado de emergência em 19 de março, decidiu realizar a sessão, embora com apenas um terço dos deputados (77 dos 230) e também menos convidados, estimando os serviços a presença de cerca de 130 pessoas no hemiciclo, contra cerca de 800 na cerimónia do ano passado.
A realização da cerimónia evocativa da Revolução dos Cravos tem suscitado acesa polémica, sobretudo nas redes sociais e nos setores mais à direita da sociedade portuguesa, apesar de ter reunido a aprovação de partidos que representam mais de 90% dos votos saídos das últimas legislativas (PS, PSD, BE, PCP, PEV).
O Chega, único partido conotado com a extrema-direita no parlamento português, que conta apena com um deputado, criticou fortemente a sessão, bem como o líder do CDS-PP direita, considerando "um péssimo exemplo para os portugueses" o parlamento estar a realizar uma sessão numa altura em que se pede aos portugueses para se isolarem em casa, de modo a protegerem-se do contágio com o novo coronavírus.
Apesar da polémica, que preencheu mais as redes sociais do que as intervenções dos principais partidos, o presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, e os maiores partidos portugueses decidiram levar a sessão por diante, acertando os pormenores de logística com a Direção-Geral da Saúde.
Mas desta vez, se tudo correr como pediu o presidente da Associação 25 de Abril, as ações de rua serão substituídos por uma forma original de evocação: os portugueses confinados em casa à janela a cantarem a "Grândola Vila Morena", de Zeca Afonso, à hora que deveria começar o desfile na Avenida da Liberdade, em Lisboa (15h00).
Vasco Lourenço, um dos promotores do desfile anual, pediu às televisões e rádios portuguesas que façam o mesmo, passando a "Grândola Vila Morena" à hora que deveria iniciar-se o desfile de Lisboa.
Portugal registava na segunda-feira 735 mortos associados à covid-19 em 20.863 casos confirmados de infeção, segundo o boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre a pandemia.
O país cumpre o terceiro período de 15 dias de estado de emergência, iniciado em 19 de março, e o decreto presidencial que prolongou a medida até 02 de maio prevê a possibilidade de uma "abertura gradual, faseada ou alternada de serviços, empresas ou estabelecimentos comerciais".
Em 25 de abril de 1974, um movimento de capitães derrubou a ditadura de 48 anos, de Marcelo Caetano, chefe do Governo, e Américo Tomás, Presidente da República, um golpe que se transformou numa revolução, a "revolução dos cravos".
JPS // ACL
Lusa/Fim
25 de Abril. É a primeira vez que não há desfile na Avenida. Mas a sessão solene já falhou três vezes
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