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Vingança? Os momentos em que Marques Mendes criticou Rui Rio

Diogo Barreto 03 de junho de 2025 às 07:00

Marques Mendes acusou Rio de fazer uma oposição frouxa e de ter uma atitude de subserviência a António Costa e ainda de ter dividido o PSD. Rio decidiu então não o apoiar na sua candidatura presidencial e ser mandatário do seu maior opositor: Gouveia e Melo.

"Não foi o interesse nacional que colocou Rui Rio a apoiar Gouveia e Melo. Foi a sede de vingança", disse Duarte Marques, diretor da campanha de Luís Marques Mendes à Presidência da República, reagindo ao anúncio de queRui Rio será o mandatário nacionaldacandidatura de Henrique Gouveia e Melo. Na mesma mensagem, Duarte Marques acusa Rui Rio de não lidar "bem com as críticas". "E nunca lidou bem com a independência de Marques Mendes como comentador", acrescenta. Mas vingança de quê? Este domingo, em entrevista ao Now, Rui Rio recusou tratar-se de uma vingança, mas também admitiu que seria difícil apoiar um candidato que o criticava "semana sim, semana não". Abaixo ficam algumas das vezes em que o comentador da SIC atacou o social-democrata enquanto este foi líder do PSD.

Um arranque atribulado

JOAO ABREU MIRANDA/LUSA

Em setembro de 2018 Marques Mendes, no seu comentário, aconselhava Rui Rio a ser "mais humilde, menos convencido e menos arrogante". O antigo líder social-democrata criticava as declarações de Rio que havia afirmado que os que discordavam "estruturalmente" dele deviam sair do PSD, durante a Festa do Pontal, seis meses depois de te assumido a liderança do partido. "Os mandatos devem ser cumpridos e levados até ao fim. O PSD precisa de tréguas e não de incendiários", afirmou o conselheiro de Estado no seu espaço de comentário.

Dois meses mais tarde, em novembro, novamente no Jornal da Noite da SIC, Marques Mendes não poupou nas críticas ao líder do PSD, que acusou de estar a ser demasiado "mansinho". O ex-líder acusou mesmo Rio de ter "um problema com a competência política" e de ter demasiada "subserviência ao primeiro-ministro" de então, António Costa.

Nesse mesmo comentário, Marques Mendes acusou a posição do PSD durante o debate do Orçamento do Estado para 2019, afirmando que o partido que liderava a oposição era impotente por não ter apresentado "políticas alternativas" credíveis. E deixou mais uma farpa a Rui Rio: "Um candidato a primeiro-ministro tem de ter um discurso de fundo", insinuando que Rio não era capaz de o fazer.

As farpas de Rio

No final de outubro de 2021 Marques Mendes disse que o Governo discutiu, em Conselho de Ministros, a possibilidade de fazer um acordo com o PSD Madeira, para que os três deputados eleitos pelo PSD/Madeira pudessem fazer passar o Orçamento do Estado para 2022, mas o ministro dos Negócios Estrangeiros travou esse acordo. "Quem travou [esse cenário] foi o ministro Augusto Santos Silva que disse que era uma perda de credibilidade para o Governo", revelou o comentador, que elogiou a posição de Santos Silva.

"Nunca vejo o comentário de Marques Mendes. Mas hoje vou abrir uma exceção e vou ver o que ele disse sobre as eleições legislativas antecipadas e a situação interna no PSD. As mensagens que recebi a ridicularizá-lo, para não dizer a insultá-lo, são tantas, que fiquei curioso", escreveu o líder do PSD, numa publicação feita no Twitter.

Mas nem todas as vezes que Marques Mendes falou de Rui Rio foi para criticar o então líder do PSD. Em meados de dezembro de 2021, Luís Marques Mendes disse que Rui Rio foi "certeiro e demolidor" no ataque ao governo, durante o encerramento do congresso nacional do PSD. "Falou como líder da oposição e como candidato a primeiro-ministro. Como líder da oposição fez um discurso muito assertivo e eficaz", defendeu o comentador.

No final de janeiro de 2022, Mendes elogiou a campanha "simples, mas eficaz" montada pelo líder social-democrata que, afirmava, mostrava união interna. Em causa estavam sondagens que apontavam para uma aproximação do PSD ao PS nas intenções de voto. No entanto, semanas depois, após Costa conquistar a maioria absoluta nas legislativas, voltavam as farpas num comentário a propósito das eleições internas entre Jorge Moreira da Silva e Luís Montenegro: "O PSD vai finalmente unir-se (ganhe quem ganhar, vai fazer o rassemblement do PSD e chamar o seu adversário a colaborar); porque o Governo vai começar nos próximos anos a acusar o desgaste de muitos anos de poder; porque se espera que o PSD faça finalmente oposição, o que já não sucede há bastante tempo".

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