Secções
Entrar

Professores exigem horário de 35 horas como os restantes trabalhadores

19 de abril de 2018 às 16:22

Muitos docentes trabalham em média 46 horas semanais, avisa Fenprof.

Dezenas de professores concentraram-se hoje em frente do Ministério da Educação (ME), em Lisboa, para exigir a correcção dos horários de trabalho, que consideram ilegais, uma vez que muitos docentes trabalham em média 46 horas semanais.

1 de 4
Foto: Lusa
Foto: Lusa
Foto: Lusa
Foto: Lusa

O problema "é antigo" - "tem cerca de dez anos" -, mas os professores prometem não desistir de lutar pelo direito a trabalhar 35 horas por semana, "tal como definido na lei geral para todos os trabalhadores", lembrou hoje Mário Nogueira, secretário-geral da Fenprof.

As longas horas de trabalho nas escolas e em casa é "um dos principais factores de desgaste dos professores", recordou, em declarações à Lusa, Mário Nogueira, explicando que a concentração de hoje serve "apenas para que o Governo e o Ministério da Educação cumpram a lei".

Sara Bogarim tem 60 anos e dá aulas há 37 anos. Hoje juntou-se ao protesto e deu a cara pelos professores que se sentem cansados e revoltados com o excesso de trabalho: "Além das aulas, estou na biblioteca e no Clube de Artes", contou à Lusa a professora de Educação Visual.

Sara disse à Lusa que, ainda na semana passada, entrou na Escola do Agrupamento de Nelas por volta das 08:00 e saiu apenas às 20:00, por causa das reuniões que se juntam ao trabalho que já tem todos os dias com os alunos.

E depois, desabafou, há dias em que quando chega a casa tem à sua espera mais uma maratona para preparar aulas ou corrigir trabalhos dos seus alunos.

Mário Nogueira recordou estudos que indicam que os docentes trabalham em média mais de 46 horas semanais, entre trabalho com os alunos (horário lectivo), trabalho na escola para reuniões com colegas ou para receber encarregados de educação (componente não lectiva de estabelecimento) e todo o trabalho que é feito em casa (componente individual de trabalho).

Para a Fenprof, os horários dos professores, tal como são aplicados pelas escolas, são ilegais, porque há actividades lectivas que estão atribuídas na componente não lectiva de estabelecimento; há actividades que deveriam ocupar horas de estabelecimento, mas ocupam muitas horas da componente individual de trabalho.

"Queremos que o próximo despacho de Organização do Ano Lectivo regularize esta situação", defendeu o secretário-geral da Fenprof.

No final da concentração, um grupo de professores entregou no ministério uma proposta para corrigir a situação e, em declarações à Lusa, Mário Nogueira revelou que a tutela já agendou para 3 de maio um encontro para discutir o assunto.

Para chamar a atenção dos responsáveis do ME, a Fenprof usou relógios e a música dos Pink Floyd "Time" e afixou vários cartazes onde se podia ler: "Horário Sobrecarregados/Professores Prejudicados" ou "Professores: Horário é de 35 horas e não de 46".

Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela