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O que não bate certo no caso Odair Moniz
Dois polícias foram acusados de falsidade de testemunho. Procuradora confirma suspeitas sobre o punhal encontrado na cena do crime e auto de notícia da PSP, mas disse não ter recolhido indícios suficientes para acusar.
Pouco ou nada bate certo, mas não foram recolhidos indícios suficientes para avançar com uma acusação. Esta é, em resumo, a posição do Ministério Público (MP) sobre alguns acontecimentos que rodearam a morte de Odair Moniz, em outubro de 2024, no bairro da Cova da Moura, na Amadora: a faca no local do crime e a eventual falsificação o auto de notícia da PSP.
Odair Moniz
O “mistério” do auto de notícia
As suspeitas à volta deste documento começaram logo em outubro de 2024, após a madrugada em que Odair foi baleado. O auto de notícia é, normalmente, redigido pelo agente que toma conta da ocorrência. Porém, a procuradora do Ministério Público realçou que quem redigiu o “texto que foi transposto” para o documento oficial foi um agente principal, Tiago Martins, e o subintendente Bruno Pereira, à época com funções de chefia na Divisão da Amadora. Este último, após o primeiro ter “terminado de escrever o relato, sentou-se em frente ao computador a rever o texto”, realçou Patrícia Naré Agostinho, acrescentando que ambos se basearam no que os dois polícias mais diretamente ligados ao caso lhes relataram. O “auto de notícia”, continuou a magistrada, plasmou uma “narrativa do evento, organizada numa sequência temporal e formando um todo significativo. Mas vai mais além do que isto: pela escolha das palavras, organização do texto e enunciação de raciocínios e conclusões no relato, conduz o seu destinatário à conclusão que o agente agiu inequivocamente em legítima defesa”. Quanto à hipótese de a faca ter sido colocada na cena do crime, a procuradora aponta para várias contradições nos depoimentos recolhidos aos agentes da PSP. Um deles afirmou ter visualizado uma “arma branca que se encontrava no chão, na zona esquerda da bacia da vítima”. “Questionado por que razão os profissionais de saúde não foram avisados para a presença de uma arma branca por debaixo do corpo, não soube responder e também não informou nenhuma pessoa da existência de uma arma branca, não sabendo explicar porque não fez”, lê-se no despacho que arquivou estas suspeitas. Outra agente da PSP garantiu nunca ter visto a “faca no chão antes da chegada do INEM”, mas viu-a quando os médicos já “estavam no local“. Por sua vez, a técnica do INEM que prestou os primeiro socorros relatou ter existido necessidade de levantar o corpo da vítima do chão e que nunca se apercebeu da presença de uma faca. “Referiu que observou uma faca considerável quando regressava”, depois de o corpo ter sido removido do local, “para agarrar o material médico, em concreto observou uma bolsa escura e junto desta uma faca”. Quanto à hipótese de a faca ter sido colocada na cena do crime, a procuradora aponta para várias contradições nos depoimentos recolhidos aos agentes da PSP. Um deles afirmou ter visualizado uma “arma branca que se encontrava no chão, na zona esquerda da bacia da vítima”. “Questionado por que razão os profissionais de saúde não foram avisados para a presença de uma arma branca por debaixo do corpo, não soube responder e também não informou nenhuma pessoa da existência de uma arma branca, não sabendo explicar porque não o fez”, lê-se no despacho que arquivou estas suspeitas. Outra agente da PSP garantiu nunca ter visto a “faca no chão antes da chegada do INEM”, mas viu-a quando os médicos já “estavam no local“. Por sua vez, a técnica do INEM que prestou os primeiro socorros relatou ter existido necessidade de levantar o corpo da vítima do chão e que nunca se apercebeu da presença de uma faca. “Referiu que observou uma faca considerável quando regressava”, depois de o corpo ter sido removido do local, “para agarrar o material médico, em concreto observou uma bolsa escura e junto desta uma faca”. Para adensar a suspeita, o Ministério Público notou que o documento foi inserido no sistema com o login e password do agente que efetuou os disparos, quando não se encontrava na respetiva esquadra. À investigação, o agente referiu ter fornecido os seus dados de acesso a alguém, mas não soube identificar. O Ministério Público anotou esta “desconformidade”, mas não conseguiu identificar o autor do acesso ao sistema. “Alguém tinha que estar em poder de tal chave de acesso”, explicou a procuradora no despacho, uma vez que o sistema informático da PSP, “quando conectado através de uma dada conta, está inativo por mais de 30 minutos, a sessão encerra automaticamente”.Artigos Relacionados
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