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Ministro Pinto Luz "absolutamente tranquilo" com buscas na TAP

Lusa 18 de novembro de 2025 às 17:41

"Vivemos num Estado de Direito, é bom que este escrutínio seja feito, que os portugueses sejam esclarecidos e que a Justiça também possa fazer o seu trabalho, com toda a tranquilidade", insistiu o ministro das Infraestruturas.

O ministro das Infraestruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz, disse esta terça-feira estar "absolutamente tranquilo" com as relacionadas com a privatização da transportadora aérea portuguesa em 2015.
Pinto Luz tranquilo sobre buscas na TAP, em Leiria, enquanto privatização avança ESTELA SILVA/LUSA
"Estou absolutamente tranquilo. Este é dos processos mais escrutinados na vida pública portuguesa. Já teve escrutínio do Tribunal de Contas, já teve escrutínio da Justiça até, porque como já sabemos, já teve um processo que incidiu sobre todo o processo de privatização, já teve uma comissão parlamentar de inquérito", afirmou aos jornalistas Miguel Pinto Luz, em Leiria. "Durante meses todos nós tivemos a oportunidade, fomos brindados com horas e horas infindáveis de escrutínio público, saudável na Assembleia da República e, portanto, estamos absolutamente tranquilos, o Governo, eu próprio, todos os intervenientes", declarou Miguel Pinto Luz. A TAP, o Grupo Barraqueiro e a Parpública estão hoje a ser alvo de buscas da PJ, com vários meios de comunicação social a apontar alegados crimes na privatização concluída em 2015. O governante adiantou que "o Governo está a acompanhar com enorme tranquilidade". "Vivemos num Estado de Direito, é bom que este escrutínio seja feito, que os portugueses sejam esclarecidos e que a Justiça também possa fazer o seu trabalho, com toda a tranquilidade", insistiu. Destacando que se está a viver "um momento especial na companhia", pois "a TAP está no meio de um processo de privatização", o ministro referiu que "daqui a três dias, menos de quatro dias", se esperam as primeiras propostas. "Sabemos que há muita vontade de muitos investidores, muitos grupos internacionais, de poderem adquirir a TAP neste processo de privatização. Portanto, o Governo está absolutamente comprometido, focado com este processo de privatização", garantiu. O governante assegurou ainda que o executivo será colaborante "com tudo o que as autoridades precisarem e esta é a posição que o Governo tem neste momento". A Procuradoria-Geral da República confirmou, em setembro do ano passado, a receção do relatório da Inspeção-Geral das Finanças sobre a privatização da TAP, em 2015, e enviou o documento para o Departamento Central de Investigação e Ação Penal. O inquérito em causa foi aberto em fevereiro de 2023 e resultou da participação efetuada por Fernando Medina e Pedro Nuno Santos, então ministros das Finanças e das Infraestruturas e Habitação (PS), respetivamente. Em meados de outubro de 2022, Pedro Nuno Santos revelou que a administração da TAP tinha pedido uma auditoria por suspeitar estar a pagar mais pelos aviões do que os concorrentes e que o Governo encaminhou as conclusões para o Ministério Público. Um dos temas mais abordados na comissão parlamentar de inquérito (CPI) à Tutela Política da Gestão da TAP, em 2023, foi o dos chamados fundos Airbus, um negócio feito pela sociedade DGN, liderada por David Neeleman, com a fabricante de aviões, que implicou a anulação de um contrato anterior para o 'leasing' de 12 aviões A350, e a concretização de um novo para a aquisição de 53 aeronaves de outra gama. No âmbito desse negócio, a Airbus providenciou créditos de capital à DGN, no valor de 226,75 milhões de dólares (195,5 milhões de euros ao câmbio atual), para serem canalizados para a TAP através da Atlantic Gateway. Ao longo das audições da CPI, vários deputados foram questionando os depoentes sobre qual o conhecimento que tinham da operação, considerando que a capitalização da TAP em 2015 foi feita com verbas da própria companhia. O consórcio Atlantic Gateway -- composto pelos acionistas David Neeleman e o empresário português Humberto Pedrosa -- venceu a privatização da TAP, concretizada na reta final do Governo do PSD/CDS-PP, operação que foi parcialmente revertida em 2015, pelo executivo de António Costa (PS). Naquela altura, a tutela política da TAP era da responsabilidade do atual ministro Miguel Pinto Luz, que era então secretário de Estado das Infraestruturas, Transportes e Comunicações.
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