Matos Fernandes diz que PS encontrou Metro de Lisboa com "teias de aranha"
Ministro diz que quando chegou ao Governo as carruagens do metro estavam "cheias de teias de aranha" por estarem paradas devido à falta de investimento do PSD e CDS.
O ministro do Ambiente foi hoje ao parlamento defender mais uma vez a Linha Circular no Metro de Lisboa, perante uma oposição que o acusou de arrogância por não cumprir uma recomendação parlamentar para o abandono desta solução.
A ida do ministro foi a pedido do PAN, que acusou Matos Fernandes de fazer tábua rasa de uma recomendação da Assembleia da República (AR) para o abandono da linha circular, expressa na Lei do Orçamento do Estado para 2020 (OE2020), em vigor, propondo em alternativa "prioridade à expansão da rede do metropolitano até Loures, bem como para Alcântara e a zona ocidental de Lisboa".
"Num estado de direito democrático, a decisão que persistentemente o Governo insiste em tomar, contrariamente ao que foi deliberação, é de facto um caminho perigoso e que não conseguimos compreender e respeitar", salientou Inês Sousa Real, do PAN.
Ao PAN, o ministro disse que em criança aprendeu, ao ir à missa com as avós, que não se podia pecar por pensamentos, atos e omissões, e que o pecado do partido era estar a omitir, "de forma mais grave que uma mentira", que, ao promulgar o OE, o Presidente da República realçou que, "em rigor, a Assembleia da República não suspendeu qualquer decisão administrativa, limitando-se a formular recomendação política dirigida ao Governo e à administração pública em geral".
Carlos Silva, do PSD, acusou o ministro de arrogância, disse esperar que estes investimentos não venham a ser "um novo TGV" e questionou o ministro sobre o que fez para parar a obra da linha circular, tal como estava na recomendação parlamentar.
"De uma maneira muito breve, à pergunta o que é que este Governo fez para suspender a linha circular, quais as providências que tomou, a resposta é muito simples: Nenhumas. Rigorosamente nenhumas. E penso que não estou a dar novidade alguma. É, de facto, o Governo e o Metro de Lisboa quem tem, de acordo com a lei, a responsabilidade por tomar estas decisões e o Sr. Presidente da República deixou isso de forma absolutamente clara", respondeu Matos Fernandes.
O PAN, "tal como o PSD", é "contra o transporte coletivo", acusou Matos Fernandes, considerando que os sociais-democratas desinvestiram no Metro, ao ponto de, quando chegou ao Governo, as carruagens deste meio de transporte estarem paradas, "cheias de teias de aranha".
"Vêm sempre com o Governo anterior e disse aqui que o Governo anterior deixou, no caso do metropolitano, teias de aranha. Mas devo dizer que a aranha teve que ir embora, porque o Governo anterior, quando chegou ao Governo, o país estava em bancarrota e não tinha dinheiro sequer para alimentar a aranha. Então a aranha foi-se embora e ficaram as tais teias de aranha", disse, pelo seu lado, João Gonçalves Pereira, do CDS-PP.
O centrista afirmou que o ministro não pode acusar o seu partido de não se preocupar com o metro, lembrando o plano de várias novas estações apresentado pela então líder e candidata à Câmara de Lisboa Assunção Cristas, com base numa outra proposta apresentada anteriormente pelos socialistas.
"O parlamento o que disse foi que, em relação a uma determinada despesa [apresentada pelo Governo na proposta de OE2020], não autorizava, não concordava, rejeitava. Isso está num quadro de competências do parlamento. (...) O Governo, pura e simplesmente, em total desrespeito, e diria mesmo com grande arrogância, fez tábua rasa daquilo que foi a decisão deste mesmo parlamento, desautorizando o próprio parlamento numa competência que é própria, que é a competência de aprovar ou rejeitar um Orçamento, aprovar algumas matérias, propor outras", acusou.
O ministro afirmou que a decisão da Linha Circular "é mesmo a última decisão" do Governo sobre a expansão do metro e que as decisões passam agora para a Área Metropolitana de Lisboa, como autoridade de transporte.
Matos Fernandes salientou que, depois da reprogramação de 83 milhões de euros do POSEUR e com o apoio do Fundo Ambiental, se chegou a uma verba de 200 milhões de euros, com a qual seria possível "ou fazer a Linha Vermelha até Campo de Ourique ou completar a Linha Circular".
"Em face desta comparação, era evidente que a Linha Circular captava muitos mais passageiros do que esta meia Linha Vermelha, se me permitem dizer assim, até Campo de Ourique. Estamos a falar de uma relação de dois para um", justificou.
Apesar do protesto dos deputados à Linha Circular do Metro de Lisboa, o primeiro contrato para a sua concretização, neste caso para a ligação das estações do Rato (na Linha Amarela) a Santos, foi assinado esta semana, com um valor de 48,6 milhões de euros.
RCS // MCL
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