10 mai 2021
10 de maio de 2021 às 17:05
Bruno Faria Lopes
"Rei dos Frangos" salvou Vieira das garras de fundo abutre
Uma das dívidas menos conhecidas do universo empresarial de Luís Filipe Vieira foi a da Imosteps, uma empresa imobiliária que deixou um calote de 50 milhões de euros no Novo Banco. A dívida total era de 54,3 milhões de euros e Vieira explicou que não a vê como sua – foi um favor que fez ao Grupo Espírito Santo e a Ricardo Salgado, como noticiou a SÁBADO em 2019. Mas o colapso do BES deixou Vieira com a dívida nas mãos.
O Novo Banco deixou-a fora do acordo de reestruturação da dívida de Vieira, nada fez para recuperar valor e em 2019 vendeu-a por apenas quatro milhões de euros na carteira de Nata2. O comprador foi o fundo abutre norte-americano Davidson Kempner. Como a dívida tinha um aval pessoal de Vieira, que em seu nome tinha apenas "uma casa para palheiro", como referiu a deputada Mariana Mortágua, o fundo iria pedir a insolvência pessoal de Vieira, o que seria um problema para a actividade empresarial de Vieira e para a sua recandidatura ao Benfica.
Mas, como a SÁBADO noticia esta semana, Vieira levou um investidor ao fundo abutre para resgatar a sua dívida por oito milhões de euros, o dobro do valor conseguido pelo Novo Banco. Na comissão parlamentar de inquérito, Vieira confirmou quem comprou: José António dos Santos, dono da Valouro e acionista da SAD do Benfica. O "Rei dos Frangos", como é conhecido, seria dos maiores beneficiários da OPA do Benfica (entretanto chumbada pela CMVM) lançada em Novembro de 2019 – sensivelmente a mesma data em que todo o imbróglio da Imosteps se foi desenrolando.