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Legislativas antecipadas. "Pressa de eleições será uma corrida para o abismo"

Luana Augusto 13 de março de 2025 às 07:00

Os portugueses terão de regressar às urnas em maio, depois de o Executivo de Montenegro ter sido destituído. À SÁBADO, o politólogo João Pereira Coutinho adianta o que esperar das eleições.

Depois de uma moção de confiança chumbada e de umGoverno destituído, vivem-se agora momentos de incerteza. Quem poderá governar Portugal? Em quem é que os portugueses confiam?

AP Photo/Armando Franca

Tanto o Governo como os vários partidos políticos tinham conhecimento de sondagens que davam conta de que os portugueses não desejavam ir a eleições, mas ainda assim decidiram apostar na sorte. Para o politólogo João Pereira Coutinho, o PS e o PSD foram os principais impulsionadores desta instabilidade política que Portugal está agora a enfrentar.

"Este cenário tornou-se inevitável a partir do momento em que os principais partidos políticos não estiveram à altura dos acontecimentos", começou por defender à SÁBADO João Pereira Coutinho. "[O primeiro-ministro, Luís] Montenegro, não esteve à altura quando não deu explicações claras sobre a sua empresa. Depois, houve também uma irresponsabilidade por parte do líder do Partido Socialista quando avançou com uma Comissão Parlamentar de Inquérito."

Para o politólogo, o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, teria o "objetivo óbvio de desgastar o Governo". Conseguiu quando fez "insinuações ao dizer que a empresa do primeiro-ministro recebia dinheiro sem prestar serviços, mas também quando disse que o primeiro-ministro criou uma empresa para beneficiar de avenças".

João Pereira Coutinho considera, aliás, estas acusações como "muito graves" e lembra que as mesmas só podem ser "feitas quando existem provas". "Foi neste lodaçal que a crise política foi cozinhada", lamenta.

Como consequência da queda do Governo, Portugal terá agora que ir a eleições antecipadas. A data ainda está por marcar, mas estas deverão acontecer a 11 ou 18 de maio, segundo o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. Para trás fica a execução "do PRR e a situaçao internacional muito preocupante", na qual se inclui as negociações para um cessar-fogo entre a Rússia e a Ucrânia.

O que esperar das eleições?

Mas o que se pode esperar das eleições? Para o politólogo há duas coisas certas: "Um ou dois partidos políticos vão acabar por sair do parlamento" e "presume-se a vitória do PS ou do PSD, mas por poucochinho".

PS e AD (coligação do PSD e CDS-PP) encontram-se neste momento empatados na frente das sondagens. Sondagens mais recentes, divulgadas pelo Correio da Manhã dão vitória ao PS, com 25% das intenções de voto. A AD surge logo atrás com 23,5%.

"Não me parece que Pedro Nuno Santos vá ter uma maioria absoluta, ou que exista uma maioria à esquerda, caso vença as eleições", esclareceu João Pereira Coutinho. "Não creio também que o PS vá ter condições para governar."

Quanto à AD, o politólogo acredita que para haver uma maioria, Luís Montenegro teria de se aliar ao Chega.

Independentemente dos resultados, João Pereira Coutinho acredita que "esta pressa de eleições será uma corrida para o abismo" e frisa que as "campanhas eleitorais serão duras e sujas devido à falta de honorabilidade do primeiro-ministro".

"Vai ser uma campanha muito feia. É uma prova de que os dois partidos não estiveram à altura dos acontecimentos e que o País está a trilhar o caminho para a ingovernabilidade."

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